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JUSTICEIRO ANUAL # 2

1 dezembro 2008


Autores: A lista - Stuart Moore (roteiro) e C.P. Smith (desenhos);

Noite de paz - Andy Wigler (roteiro) e Kyle Hotz (desenhos);

O Tigre - Garth Ennis (roteiro) e John Severin (desenhos);

Justiceiro - O Fim - Garth Ennis (roteiro) e Richard Corben (desenhos).

Preço: R$ 18,50

Número de páginas: 176

Data de lançamento: Dezembro de 2007

Sinopse: A lista - É natal e Frank Castle tem uma lista de "sujos" para punir e uma de "limpos" para ajudar.

Noite de paz - Em mais uma história natalina, Castle segue a pista de um mafioso que sumiu faz um bom tempo. Quando o criminoso resolve voltar à cena para matar o assassino de seu pai, tudo fica mais fácil para o Justiceiro eliminar diversos alvos de uma vez só.

O Tigre - Enquanto espera para dar um disparo, Frank se lembra de sua infância e do momento em que a semente da vingança foi plantada na sua alma.

Justiceiro - O Fim - Depois da Terceira Guerra Mundial, o planeta está totalmente contaminado pela radiação, mas o Justiceiro sobreviveu em um abrigo anti-bombas e está pronto para caçar aqueles que destruíram a Terra, mesmo que isso custe sua vida.

Positivo/Negativo: Apesar de trazer uma história bem esperada, como Justiceiro - O Fim, este anual ficou bem aquém do anterior.

Ele já começa mal, com um erro de tradução na primeira página. Ali, na lista do Justiceiro, o termo "alias" foi grosseiramente traduzido como "aliás". A palavra significa "codinome" ou, como aparece na mesma lista páginas à frente, "vulgo".

Nas histórias em si, nota-se que o personagem vem sofrendo com tramas básicas demais nas mãos de diferentes roteiristas. Ora, o Justiceiro se resume, basicamente, a matar criminosos, particularmente mafiosos. Já tentaram variar isso e o fracasso sempre foi estrondoso. Antes de ser catapultado novamente ao estrelado pelo excelente Garth Ennis, ele chegou a ser chefe de uma família da máfia e até um anjo vingador.

O Justiceiro é um personagem relativamente limitado, o que obriga o roteirista a pensar bem e trabalhar algumas sutilezas. O segredo para uma história dele ser boa é uma narrativa inteligente com algum diferencial que prenda a atenção do leitor.

Essa é a diferença, aliás, das suas primeiras histórias deste especial. Ambas mostram o Justiceiro caçando alguém no natal, mas, enquanto a segunda é sem graça, a primeira funciona.

Stuart Moore soube inserir os elementos necessários para enriquecer a HQ. Desde pequenas coisas, como o Justiceiro ter uma lista de "meninos maus", como o Papai Noel, até as viradas da trama envolvendo um policial que vive a culpa por matar uma criança e ainda uma suspeita mãe enlutada.

As artes das duas histórias também se distinguem pela criatividade. Enquanto C.P. Smith cria um ambiente sombrio, sem fortes definições, cheio de recortes e jogadas que formam uma narrativa visual bacana, Kyle Hotz faz mais do mesmo.

A segunda metade do anual é escrita por Garth Ennis, que conseguiu muito fãs no comando do personagem. Apesar de não ser essa a proposta inicial e disso acontecer aqui pela nossa peculiaridade das revistas mix, as histórias O Tigre e Justiceiro - O Fim combinaram. Uma mostra a infância do personagem, amarrando os fios que lhe originaram, enquanto a outra apresenta o fim da vida do anti-herói, se vingando até o último segundo.

Nenhuma das duas é genial e, principalmente por causa do desenho, tem até uma leitura arrastada. Contudo, ambas apresentam conceitos interessantes de se ver sendo desenvolvidos.

Em O Tigre, Ennis tenta mostrar que, desde criança, Frank Castle tinha os instintos que o transformariam no Justiceiro. Vale lembrar que o roteirista tem recomposto o passado do personagem, mostrando que ele não é fruto apenas de um evento traumático. Assim, na mesma linha de Justiceiro - Nascido para Matar (publicado no Brasil em Marvel Max), ele dá novas nuances ao anti-herói e torna sua existência mais plausível.

Pena que a história perca tanto pelo desenho antiquado. Pode até fazer parte da proposta, mas o visual extremamente poluído, cheio de pequenas hachuras e aquela tentativa de um realismo muitas vezes forçado, tira muito da graça da leitura.

Justiceiro - O Fim faz parte de um projeto da Marvel de mostrar os últimos dias de seus personagens. Mesmo a história sendo morosa e o desenho não sendo dos melhores, tudo é compensado com o final pervertido e cruelmente coerente para o Justiceiro.

Classificação:

4,0

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