
Maria Erótica - Fantasia adulta em quadrinhos # 1
Editora: Grafipar - Revista mensal
Autores: Nelson Padrella (roteiro) e Cláudio Seto (arte).
Preço: Cr$ 25,00 (preço da época)
Número de páginas: 32
Data de lançamento: Março de 1980
Sinopse
A edição traz de volta a anti-heroína dos quadrinhos criada em 1969 por Cláudio Seto para a Editora Edrel, desta vez pelo selo da curitibana Grafipar.
Maria Erótica voltou completamente reformulada e com histórias escritas pelo roteirista Nelson Padrella.
Positivo/Negativo
Em 1975, por um acaso, Cláudio Seto resolveu se mudar para Curitiba, uma das cidades brasileiras com grande número de descendentes japoneses. Segundo ele, teria pesado na decisão o fato de nevar, presenciado por ele como um momento mágico quando ali passava lua-de-mel.
A Edrel dava seus últimos suspiros e o principal autor de quadrinhos da editora de Minami Keizi vivia a incerteza do desemprego e sem saber que rumo daria à sua vida.
Foi trabalhar como ilustrador de jornal e quis o destino que ele estivesse no lugar certo e na hora certa: em setembro de 1976, a Grafipar, tradicional publicadora de livros para venda de porta em porta, lançou uma revista erótica com texto e fotos que se tornaria um fenômeno editorial: Peteca.
O êxito estimulou o editor Faruk El Kathib a convidar Seto a montar um núcleo de quadrinhos em 1978. Daí nasceram revistas 100% nacionais como Quadrinhos Eróticos, Sexo em Quadrinhos, Aventura em quadrinhos, Perícia, Neuros, Próton etc.
Quase dois anos depois, em março de 1980, Maria Erótica, a personagem que Seto consagrou na Edrel, ganhou revista própria com 32 paginas mensais. Antes, saíra no volume 2 de Homo Sapiens e de As Fêmeas e tivera um número especial de 96 páginas na sérieEspecial de quadrinhos - Volume 4.
A mocinha ingênua com traços humorísticos do passado mudou ao menos no visual e deu lugar a uma bela mulher, voluptuosa, de curvas generosas - quadris largos, cintura fina e seios maiores.
A capa do número de estréia é bastante simbólica para o que pretendia Cláudio Seto ao ressuscitar Maria Erótica. Vê-se uma garota loira nua deitada e com o bumbum levantado, enquanto uma trupe de personagens da literatura, do cinema e dos gibis correm em sua direção com vontade de possuí-la. Pode-se identificar desde o coelho de Alice no País das Maravilhas a Pinóquio e Pequeno Príncipe. Há ainda Tarzan, Zorro, Tonto, Robin Hood e o Corcunda de Notre Dame, dentre outros.
Maria ganhou nova cor de cabelo - deixou de ser morena, ficou mais madura e com traço sofisticado, mas não perdeu sua essência de garota ingênua que está sempre nua nas mais inusitadas situações e não percebe que todos os machos que cruzam seu caminho querem apenas fazer sexo com ela.
Para essa reinvenção da personagem, Seto recorreu a Nelson Padrella, um dos melhores roteiristas da editora, que abriu a revista com a aventura No mato sem cachorro, uma delirante experiência em satiriza o livro Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll.
Com pouca roupa e sempre em fuga, Alice encontra outras figuras conhecidas como Pinóquio. Mas é vigiada o tempo todo pelo coelho, que lhe repreende. Afinal, libidinagem era algo inadmissível pela rainha.
Esta edição traz a estrutura que marcaria a coleção Maria Erótica, uma das mais bem-sucedidas da Grafipar, com 18 números publicados até 1982. Depois, saíram mais dois volumes da série O diário íntimo de Maria Erótica. Nestes, a personagem narrava suas experiências sexuais numa história que trocou o humor característico por um texto adulto, com cenas de sexo sadomasoquista.
A idéia de adentrar nos relatos da personagem inspirou Mozart Couto a criar O diário de Nara, uma novela de muito erotismo com 40 páginas, que abriu o número dois da revista. Fechava a edição uma história de Minami Keizi, assinada por Rose West, com desenhos de Julio Shimamoto.
Maria Erótica foi uma invenção genial de Cláudio Seto que ainda espera republicação.
Classificação
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Gonçalo Junior, jornalista e autor dos livros A Guerra dos Gibis, Tentação à Italiana, O Homem-Abril e outros




