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MARTIN MYSTÈRE - O DETETIVE DO IMPOSSÍVEL # 1

1 dezembro 2001

Martin Mystère #1Título:
MARTIN MYSTÈRE - O DETETIVE DO IMPOSSÍVEL # 1 (Mythos
Editora
) - Revista mensal

Autores: Alfredo Castelli (roteiro) e A. M. Ricci (desenhos).

Preço: R$ 4,90

Data de lançamento: Agosto de 2002

Sinopse: O Livro de Toth - Após escapar vivo de uma expedição desastrosa em Oak Island, Nova Escócia, Martin Mystère recebe um pedido de ajuda de uma jovem cigana que foi injustamente responsabilizada pelo furto de três quadros de metal pertencentes às tradições de seu povo.

Ele decide ajudá-la a recuperar os quadros, não apenas por ser irmão de sangue da jovem, mas também por perceber que o criminoso é, na verdade, Sergej Orloff, seu mais terrível inimigo.

O interesse de Orloff por esses quadros deixa claro a Mystère que os mesmos são a chave para uma descoberta arqueológica sem precedentes, o que leva o herói, Java e a jovem cigana a uma fascinante viagem para a Ilha de Creta, em busca das origens do povo cigano.

Positivo/Negativo: O maior ponto positivo desta edição é, sem dúvida, a iniciativa da Mythos de trazer de volta às bancas nacionais um dos personagens mais interessantes da Bonelli Comics. A série já teve duas vidas editoriais no Brasil (13 números lançados pela Editora Globo, entre 1986 e 1988, e 17 pela Record, entre 1990 e 92). Nas duas ocasiões, as baixas vendagens acabaram por enterrar o título.

Aparentemente, o leitor brasileiro, por demais acostumado ao ritmo fast food dos quadrinhos americanos, não se sentiu muito atraído pelas gigantescas e complexas tramas escritas por Alfredo Castelli. Uma grande injustiça com uma das séries mais cultas e sofisticadas já produzidas nas HQs.

Martin Mystère é um renomado arqueólogo que dedica sua "discreta" fortuna e seus conhecimentos nada modestos à busca de respostas para os grandes enigmas da humanidade. Em suas aventuras, já encontrou a Arca de Noé, a Fonte da Juventude, visitou o Triângulo das Bermudas, encontrou provas de que os Maias tiveram contato com os antigos egípcios e, volta e meia, depara-se com novas evidências de que Atlântida realmente existiu e era uma civilização mais avançada do que a nossa, até destruir-se numa hecatombe nuclear.

Tudo isso em histórias longas, com roteiros intrincados e repletos de informações históricas e geográficas sobre os temas abordados.

Infelizmente, a Mythos tem seguido a mesma estratégia de publicação que a Record, publicando as histórias fora da ordem cronológica original. Embora os episódios sejam autocontidos, é frustrante encontrar citações de histórias anteriores que ainda não saíram por aqui.

De qualquer modo, a escolha de O Livro de Toth para abrir a nova coleção foi muito acertada. Todos os elementos importantes que constituem a série estão presentes. O episódio aborda a questão da origem de Atlântida, faz referência aos inúmeros conhecimentos de Martin (bem como à sua conturbada vida amorosa), apresenta aos leitores novos os grandes vilões, Sergej Orloff e os "Homens de Negro" (misteriosa associação que procura destruir qualquer evidência de que a história da humanidade seja diferente da que está nos livros escolares), além de apresentar um mistério apaixonante: as origens do povo cigano. Em resumo, uma ótima história, que mostra aos leitores o que podem esperar do famoso Detetive do Impossível.

Pena que as boas notícias acabem por aí. A Mythos pisou na bola ao dar início à série com uma edição muito descuidada. Já na primeira página, absurdamente, os créditos do episódio saíram sobrepostos e ilegíveis. Pra piorar, dois quadrinhos abaixo aparece o primeiro erro de português "…as pessoas normais (…) não gostam muitos deles…". Isso causa uma péssima impressão, especialmente num número de estréia.

O texto introdutório da página 2 também deixa a desejar. Melhor seria ter usado o mesmo que a Globo e a Record utilizaram em suas respectivas séries. Há uma referência de que Alfredo Castelli seria o criador do personagem "Allan Quatermain". Não é mencionado que, originalmente, Quatermain é o protagonista do romance As Minas do Rei Salomão, de H. Rider Haggard. Castelli não o criou, apenas adaptou-o para os quadrinhos.

Outro ponto negativo, embora difícil de evitar, é a capa pouco atraente. Trata-se da original italiana acrescida de um trabalho de colorização especial. O problema é que o estilo cartunesco de Giancarlo Alessandrini, co-criador da série e capista oficial, é visualmente pobre em comparação às capas vistosas dos super heróis e Vertigos da vida, desvalorizando a série perante os novos leitores.

Classificação:

4,0

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