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MARVEL APRESENTA # 34 – TROPA ÔMEGA

1 dezembro 2008


Autores: Michael Avon Oeming (roteiro) e Scott Kollins (desenhos);

Preço: R$ 8,00

Número de páginas: 112

Data de lançamento: Fevereiro de 2008

Sinopse: Além de causar a Guerra Civil entre os super-heróis, a Lei de Registros e a nova configuração política dos Estados Unidos decorrente dela levou vários superseres a migrarem para o Canadá.

Justamente nesse momento, o país está sem os seus principais defensores: a Tropa Alfa e o Departamento H. Assim, a única saída é aceitar a ajuda americana e formar uma nova Tropa Ômega.

Positivo/Negativo: Esta edição é um exemplo claro de como uma série de erros editoriais, feitos tanto pela Marvel quanto pela Panini, pode inviabilizar uma história.

De cara, vale lembrar que há um bom tempo Tropa Alfa não é um dos grandes destaques da Marvel. Salvo a fase de John Byrne e a ligação do Departamento H com Wolverine, esse grupo de super-heróis canadenses se manteve distante dos principais eventos da Marvel por muito tempo.

Recentemente, sem título próprio, a equipe foi praticamente extinta em um dos arcos de Novos Vingadores escrito por Bendis. Na história, Michael Pointer, possuído por Xorn e com praticamente todos os poderes que foram tirados dos mutantes no Dia M, saiu do Alasca com direção aos EUA deixando uma trilha de destruição no Canadá. No meio do caminho, em uma cena rápida, matou praticamente toda a Tropa Alfa, restando apenas o Sasquatch e a Talismã.

O problema é que nem todo mundo leu essa história e até quem a viu pode facilmente ter esquecido, principalmente, de quem é Michael Pointer. Então, muita gente não saberá exatamente do que os personagens estão falando e "trombará" com uma situação inusitada: o assassino da Tropa vestido como Guardião.

Para piorar, a aventura não relembra o que Pointer fez, quem ele é ou como foi parar ali. Xorn e os dons mutantes não são citados e sim um tal "Coletivo", que tem mais cara de grupo de supervilões do que de "entidade sem corpo formada por uma soma de poderes mutantes magicamente extraídos".

O pior é que isso poderia ser resolvido facilmente. Antes da história, os créditos estão escritos espaçadamente, ocupando uma página inteira - bastaria colocar um resumo ali, um ou dois parágrafos dariam conta do recado. Assim, a revista poderia ser compreendida por todos e não ficaria restrita àqueles que lêem tudo que saí da Marvel no Brasil.

Isso só comprova que a revista não é para um leitor novo. Nem para um antigo fã da Tropa, pois os personagens que ele encontrará aqui nada têm a ver com os que ele possivelmente gostava.

Fechando o pacote, a revista não faz sentido para quem não lê tudo, pois a história publicada em Guerra Civil Especial # 4 antecipa alguns acontecimentos aqui mostrados.

Nesta Marvel Apresenta # 34, se vê a formação relutante de um novo grupo e se tem a impressão de que Bill Raio Beta fez uma participação especial e acabou preso em outra dimensão. Já em Guerra Civil Especial # 4, em uma história que nos EUA foi publicada antes desta, o grupo já aparece formado e operante, com Bill Raio Beta como integrante.

Além de todos esses desacertos, o novo grupo vai contra tudo o que poderia se imaginar do anterior. Primeiro, seus integrantes fazem parte da Iniciativa, um plano de Stark de ter super-heróis em todos os estados americanos. Ou seja, o alter ego do Homem de Ferro praticamente enxerga o Canadá como mais um estado do seu país. George W. Bush não faria melhor...

Depois, em alguns momentos o roteirista tenta ensaiar alguns elogios ao Canadá, mas, no geral, a trama é uma grande ofensa ao país. Ele acaba de receber uma grande quantidade de superseres foragidos dos EUA, seus principais heróis foram mortos e, para defendê-los, Stark escolhe a dedo um grupo de cópias malfeitas.

Tirando o Sasquatch, todos no grupo são versões de alguém. Aracne e Talismã são, respectivamente, cópias femininas do Homem-Aranha e do Xamã; o Agente Americano é o substituto do Capitão América, Michael Pointer é um americano vestindo o traje do Guardião e, finalmente, Bill Raio Beta é um "clone" do Thor.

Além disso, fica difícil qualquer história ser inteligível, pois o título foi rapidamente cancelado pela Marvel.

Até a arte de Kollins está aquém do que ele costuma fazer. O traço dos personagens é o mesmo de sempre e suas páginas continuam bem elaboradas e com muita ação. Agora, não se sabe se ele resolveu mudar seu estilo, se foi pressa ou se o colorista não se adequou ao seu trabalho, mas alguns efeitos visuais que Kollins costuma fazer em seus desenhos não aparecem aqui, deixando uma sensação de que falta algo.

No geral, é aconselhável fugir deste título. É uma história que já foi descontinuada nos EUA, não acrescenta nada para o panorama geral da Marvel e garante pouquíssima diversão.

Classificação:

4,0

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