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MAS ELE DIZ QUE ME AMA

1 dezembro 2006


Título: MAS ELE DIZ QUE ME AMA (Ediouro)
- Edição especial
Autores: Rosalind B. Penfold (texto e arte)

Preço: R$ 34,90

Número de páginas: 264

Data de lançamento: Maio de 2006

Sinopse: Aos 35 anos, Rosalind era uma mulher bem-sucedida, que dirigia uma empresa de marketing. Ao conhecer Brian, ficou encantada - ele era gentil, carinhoso e dedicado. Mas aos poucos o novo namorado começou a maltratá-la, rumando rapidamente para uma relação de abuso emocional, sexual e físico.

Mas ela mesma, acreditando na mentira que ele contava, continuou a deixar de lado sua vida antiga e a mergulhar cada vez mais numa paixão que estava matando-a lentamente.

Para se ajudar a perceber no que sua vida tinha se tornado, Rosalind começou a desenhar.

Positivo/Negativo: Mas Ele Diz Que Me Ama é um lançamento que tem tudo para passar batido: 1) Não tem um grande escritor na linha de frente (aliás, a autora escreve sob pseudônimo); 2) Seus desenhos são praticamente amadores; 3) Sua editora mal ensaiou uma entrada no segmento de quadrinhos (e logo partiu para o selo Pixel, do qual a obra não faz parte), 4) Sua temática feminina e realista vai na contramão do mercado e; 5) Numa livraria, não fora a expressão graphic novel no pé da capa, o livro passaria facilmente a idéia de que é um romance.

Num ano repleto de novidades incríveis, em que não só as bancas, mas também as livrarias estão abarrotadas de títulos excelentes, o consumidor pode acabar deixando de lado a obra de Rosalind B. Penfold.

Mas, definitivamente, não é o caso.

Rosalind fez um dos mais surpreendentes lançamentos do ano. Sua história tem um grau de verdade e sinceridade que poucas vezes se vê em HQs. A origem da trama, desenhada quando Roz estava em pleno inferno de relacionamento com Brian e escondida em uma caixa por anos, cria um profundo envolvimento com o leitor, que se vê torcendo para que ela consiga sair da situação.

Seu desenho simples, amador, é tão forte quanto um grito de desespero - no caso, silenciado por um homem cruel.

Apesar de não ser uma roteirista profissional, Rosalind demonstra uma capacidade excepcional de conduzir uma narrativa. Desde a primeira página, antes do título, ela consegue entremear seus desenhos simples com um texto fluido (mantido, por sinal, na bela tradução de Daniel Pellizzari) - ao mesmo tempo em que cria uma história densa, profunda e sensível.

Mas Ele Diz Que Me Ama tem tudo para virar um clássico das HQs. Para isso, basta que seja lido.

Para quem quiser conferir uma amostra e ter mais informações sobre abusos, Rosalind criou o site Friends of Rosalind. Vale conferir!

 

Classificação:

4,0

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