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Max Almanaque - Mirza, a Mulher-Vampiro

21 dezembro 2005

Max Almanaque - Mirza, a Mulher-VampiroEditora: Editora Escala - Edição especial

Autores: Luis Quevedo, Luis Merí, Basílio de Almeida, Oswaldo Talo e Eugenio Colonnese (textos) e Eugenio Colonnese (desenhos).

Preço: R$ 4,90

Número de páginas: 256

Data de lançamento: Novembro de 2002

Sinopse

Vinte e uma histórias (de um período que vai de 1967 a 1974, e três dos anos 80) que levam o leitor a acompanhar todas as aventuras e desventuras de Mirza, a vampira, e seu fiel mordomo Brooks, em diferentes regiões do globo, em busca de sangue e prazer.

A edição traz ainda as capas e cronologia das diferentes publicações da personagem, desde sua origem, na década de 1960, e entrevista com o desenhista Eugenio Colonnese.

Positivo/Negativo

Ela é morena de olhos verdes, cintura fina, quadril largo e pernas grossas. Adora um vestido vermelho de decotes generosos e fendas reveladoras, curte uma noitada de embalo e, por ser uma vampira, não tem tensão pré-menstrual ou dor de cabeça. Em suma, Mirza não existe.

E é por não ter qualquer pretensão de ser verossímil que ler (ou reler) Mirza é muito, mas muito divertido. Nos enredos, a ironia corre solta, devido aos divertidos clichês dos filmes da saudosa produtora inglesa Hammer Films, que são explorados no limite do ridículo.

Os desenhos do mestre Eugenio Colonnese exploram como poucos o imaginário adolescente/adulto brasileiro: Mirza tem as curvas do mulherão (repercussão tropical do ancestral mito de Afrodite), e é desenhada à imagem e semelhança das estrelas populares de diferentes épocas de um Brasil que não tem vergonha de assumir sua cultura e tipos físicos miscigenados. Para saber mais sobre o fenômeno das HQs de terror no Brasil, confira este artigo de Marcus Ramone.

Sem dúvida, é um gibi machista, fruto de um período histórico no qual justamente se começava a discutir a condição feminina no País. Mas é preciso notar que não se trata de uma produção misógina. Mirza é apresentada como objeto de satisfação sexual masculina, contudo, em todas as aventuras, a voluptuosa vampira, sempre se revela mais astuta e ardilosa do que podiam imaginar os homens, e, como parte do charme da obra, nossa heroína vence e domina a situação.

Nestes tempos de retomada de popularidade do cinema nacional e da moda das adaptações cinematográficas de HQs, Mirza bem que mereceria um filme, dirigido pelo mestre Ivan Cardoso, com sangue, safadeza e bom-humor genuinamente brasileiros.

Classificação

4,5

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