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MISTÉRIOS DIVINOS

15 julho 2009


Autores: P. Craig Russell (adaptação e desenhos) e Neil Gaiman (autor conto).

Preço: R$ 42,00

Número de páginas: 64

Data de lançamento: Janeiro de 2007

Sinopse: Um homem inglês relembra um fato não muito distante de seu passado, quando, após uma visita a uma velha amiga (leia-se "rolo") em Los Angeles, encontra na rua um senhor de meia-idade que, em troca de um cigarro, lhe oferece uma história.

Ele relata que era um antigo anjo, descido dos céus eras atrás, e conta uma história dos primórdios do tempo. Quando o mundo ainda era um traçado aos olhos de Deus e o pecado ainda não existia. E quando aconteceu o primeiro e mais execrável crime no recém-criado universo do Criador: um assassinato no Paraíso.

Positivo/Negativo: Dizer que Neil Gaiman é um baita contador de histórias, é "chover no molhado". Mas, neste álbum, mais do que ressaltar as qualidades do escritor britânico, é preciso valorizar a qualidade da adaptação de P. Craig Russell.

Aliás, o artista (que em Sandman, de Gaiman, fez a encantadora HQ Ramadã) tem no currículo outras belas adaptações, como A Flauta Mágica e O anel dos Nibelungos.

Neste álbum, ele transforma em quadrinhos o conto Mistérios de Assassinato (Murder Mysteries, no original), publicado no Brasil na coletânea Fumaça e Espelhos - Contos e Ilusões, da Via Lettera. E o faz com categoria.

Ao se chegar ao final, vale a pena o leitor folhear novamente as páginas, para notar a quantidade de pistas sobre o desfecho que o autor deixa na trama. Ao notar a profusão de menções a anjos, tanto na arte quanto no texto (a cidade onde se passa a ação é Los Angeles, que em espanhol significa Os Anjos), a sensação é parecida com a de quem assistiu ao filme O Sexto Sentido: "Como não percebi isso antes?"

Mas esse é o grande barato da obra.

Afinal, Gaiman já é um veterano em lidar com temas místicos (fez isso em Sandman, Deuses Americanos etc.) e o cenário que monta na trama - com um assassinato, por amor, no reino dos anjos, antes mesmo de a Terra ser concebida - faz um sentido diabólico, com o perdão do paradoxo.

E ver tudo isso no traço delicado e muito bonito de Russell faz de Mistérios Divinos uma grande pedida para os apreciadores de boas histórias.

No aspecto gráfico, o álbum é caprichado, com direito a capa dura e papel de luxo. Mas há alguns vacilos no texto, como as palavras "saía", saíam" e "caíam" grafadas sem acento agudo; e um "fêz" com um absurdo circunflexo. Nada que prejudique a qualidade da obra, mas valia uma revisão mais cuidadosa.

 

Classificação:

4,0

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