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MUNDINHO ANIMAL

1 dezembro 2010

MUNDINHO ANIMAL

Editora: Leya / Barba Negra - Edição especial

Autor: Arnaldo Branco (roteiro e arte).

Preço: R$ 12,90

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Agosto de 2010

 

Sinopse

Reunião das melhores tirinhas da série Mundinho Animal, publicadas por Arnaldo Branco no site G1.

Positivo/Negativo

Resenhar a Mundinho Animal é um desafio enorme para qualquer um que se atreva a fazê-lo. Isso porque parte das 150 tirinhas (uma delas repetida) tratam de descascar a crítica artística, além do posfácio do jornalista Diego Assis, que desaconselha fortemente quem quiser arriscar.

O deboche escancarado sobre a classe (pseudo) artística brasileira, da indústria pornô aos blogueiros, é o mote desta obra saída da mente de Arnaldo Branco. Apesar de o tema pulular na cabeça de muita gente, poucos têm a coragem e a habilidade deste carioca, flamenguista fanático, para fazer isso.

Conhecido anteriormente pela divertida HQ As Aventuras do Capitão Presença, entre outros trabalhos, Branco publica há três anos as tirinhas de Mundinho Animal no site G1.

Na página 23, uma tira - aparentemente autobiográfica - explica que seu personagem é desde cedo chamado de criativo e, em seguida, recebe elogios pela sua obra, apesar de não achar seus desenhos tão bons assim. Ela resume bem o talento criativo de Branco.

O traço é tosco, mas nenhum desenhista dos mais premiados se encaixaria tão bem no clima das vacas, cachorros, gatos, patos com suas piadas destrutivas neste Mundinho Animal.

E é isso que a HQ entrega. Um apanhado de piadas em três quadros. Elas são, sim, críticas ao pseudo-intelectualismo que assola a classe artística brasileira nos mais diversos níveis, mas não deixam de ser engraçadas, com traço e linguagem que podem fazer o leitor gargalhar, mesmo se estiver em público, num trem lotado ou em casa no meio da madrugada.

Como revela Fabio Zimbres em sua introdução, Arnaldo Branco faz rir, nem que seja com uma "pequena cosquinha no cérebro", afinal, todos temos um lado irônico afiado lá dentro esperando por este estímulo.

Com essa carga pesada de ironia, Branco desconstrói uma classe que peca por se levar a sério demais. No entanto, a maior ironia de todas vem quando o autor dá a própria cara à tapa ao publicar suas tiras por um selo editorial que leva a palavra Cult no nome (Leya Cult). Afinal, o termo que se tornou um clichê nas rodinhas intelectuais artísticas.

Por falar nisso, merece elogios a parceria entre Leya, Barba Negra e Retina78 (responsável pelo design dos álbuns). Um livro com mais de 120 páginas de tiras tem grande chance de perder a força no decorrer da leitura, mas a diagramação variada ajuda a impedir isso, com a mesma fórmula utilizada em , de Jean Galvão.

A qualidade do material e o preço acessível também são dignos de louvor.

O formato 12 x 16 cm foi muito acertado, deixando o livro fácil de carregar e de ler em qualquer canto. Esta é das boas surpresas do ano no Brasil, uma HQ recomendada para quem gosta de piadas irônicas, de humor politicamente incorreto e também para quem leva a vida muito a sério. Quem sabe a leitura sirva como resgate deste mundinho superficial.

Classificação:

4,0

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