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Nêmesis

1 março 2013

Nêmesis Editora: Panini Comics - Edição especial

Autores: Mark Millar (roteiro), Steve McNiven (desenho) e Dave McCaig (cores) - Publicado originalmente em Nemesis # 1 a # 4.

Preço: R$ 21,90

Número de páginas: 112

Data de lançamentoFevereiro de 2013

Sinopse

Nêmesis é um homem extraordinário, de vastos recursos, capacidades estratégicas e físicas praticamente sobre-humanas.

Ele usa tudo isso para praticar crimes e espalhar terror por pura diversão, escolhendo ao redor do mundo os melhores agentes policiais para desafiá-los, criar o caos e a morte em suas cidades e depois destruí-los completamente.

Agora, chegou a vez de Blake Morrow, chefe de polícia de Washington. Será que ele conseguirá sobreviver à crueldade de Nêmesis?

Positivo/Negativo

E se o Batman tivesse a alma do Coringa? E se, em vez de combater o crime, ele o perpetrasse, sem nenhuma outra razão a não ser puro deleite sádico?

Esta é a premissa de Nêmesis.

Pronto para realizar os mais extraordinários feitos de violência e ação, Nêmesis diverte-se torturando bem-sucedidos representantes da lei. Antes de tudo, ele é um sádico patológico. É arrogante, debochado e desagradavelmente infalível.

Millar parece brincar com os estereótipos das histórias de super-heróis ao conceber um supervilão que não encontra oponentes à altura sobre a face da Terra.

A ideia de um supervilão extraordinariamente talentoso, que comete crimes para espantar o tédio não é original. Nos quadrinhos, basta lembrar de Grendel, de Matt Wagner, criado nos anos 1980 e que também é um milionário que veste uma máscara para se divertir espezinhando as forças da lei.

Mas Millar vai além quando torna seu Nêmesis quase infalível e exageradamente cruel. Tudo isso temperado com diálogos rápidos, sequências de ação fenomenais e atos de violência chocantes.

No caso, a violência não é só física, mas moral.

Para Millar, não é suficiente apenas criticar, é preciso achincalhar impiedosamente qualquer noção de moral. Tudo isso faz parte da diversão montada pelo roteirista escocês.

As humilhações pelas quais Nêmesis faz o chefe Blake Morrow passar são de uma crueldade doentia, mas tudo faz parte da diversão. Então, o leitor segue com um misto de asco e fascínio por toda a sujeira que o protagonista, impecavelmente vestido de branco, vai espalhando.

O vilão é infalível, invencível e acompanhar suas façanhas é como testemunhar um bullying devastador infligido contra alguém sem condição alguma de se defender.

Como a ideia parece ser parodiar os cânones do super-herói, no caso a infalibilidade, Nêmesis realiza proezas que exigem total suspensão de descrença. Correr pela fuselagem de um Boeing em pleno voo, por exemplo, ou arquitetar um plano com dez anos de antecedência, antecipando com minúcias detalhes impossíveis de se prever, como a escolha de um hotel por parte da vítima.

Quanto à arte, o trabalho de McNiven é bastante competente e funciona muito bem para apresentar o espetáculo de Millar.

Nêmesis é planejado não só para ser um gibi, mas também uma atraente e tentadora proposta de filme para Hollywood, assim como foram Kick-Ass e O Procurado.

Nesse espírito, o álbum deve ser lido como quando se assiste a um filme de espetacularização da violência, no qual não há espaço para reflexões, mas apenas o puro prazer de se divertir sem culpa diante de barbáries e sofrimentos de pessoas que não existem de verdade.

Classificação

4,0

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