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Neurocomic – A caverna das memórias

10 abril 2020

Neurocomic – A caverna das memóriasEditora: DarkSide Books – Edição especial

Autores: Dra. Hana Ros (roteiro) e Dr. Matteo Farinella (desenhos) – Originalmente publicada como Neurocomic (tradução de Érico Assis).

Preço: R$ 54,90

Número de páginas: 144

Data de lançamento: Abril de 2018

Sinopse

Engana-se quem acha que o coração é que manda nos sentimentos. Na verdade, são substâncias químicas naturais produzidas pelo nosso organismo e suas combinações, as chamadas terminações nervosas da felicidade: serotonina, endorfina, morfina, oxitocina e dopamina.

Elas são responsáveis pelo controle das nossas emoções, tanto positivas quanto negativas. Muito além das terminologias biológicas e científicas, este quadrinho mostra de forma extremamente didática e sucinta os elementos encarregados pela percepção humana das coisas e como o cérebro reflete isso.

Neurocomic é uma aventura de um jovem que se apaixona por uma moça desconhecida e é transportado misteriosamente para outro mundo. Ao perceber que está no universo dos estudos da ciência sobre o cérebro humano, ele busca encontrar a saída daquele lugar, mas não desconfia que está dentro da sua própria mente.

Dentre neurônios e sinapses, ele percorre por uma floresta, uma metonímia criada pelos autores para ajudar o leitor a compreender a história.

Positivo/Negativo
Você sabe como seu cérebro funciona? Já imaginou que tudo o que vemos e reagimos são frutos de conexões químicas e biológicas de nosso organismo comandadas única e exclusivamente pelo nosso cérebro, inclusive nossas emoções?

Esta é a proposta desta HQ, criada por dois P.H.D.s em neurociência. E eles se propõem a explicar o funcionamento do cérebro humano.

Os autores criaram uma alegoria em que o personagem se perde dentro do cérebro, utilizaram da figura de linguagem em que a parte que comanda o corpo do homem é comparada a uma pequena ilha. Uma abordagem interessante de uma proposta que alcança um público diverso, desde quem não conhece profundamente a biologia até os profissionais da área.

Os desenhos aproximam-se por semelhanças, em que neurônios se transformam em árvores com longas raízes e galhos. Para além das questões biológicas, a narrativa faz um panorama histórico das principais descobertas científicas do campo da neurociência, situando o leitor sobre os estudos iniciados no Século 19.

Cada um dos cinco capítulos, mais prólogo e epílogo, retrata uma área do estudo dessa parte do corpo humano, estabelecendo conexões para que o leitor compreenda não só os componentes cerebrais, mas o funcionamento da mente como um todo.

A aventura do personagem sem nome começa quando ele sai de dentro de um livro e através do olhar do leitor entra no universo da mente humana. Logo no início é avisado que não haveria uma trilha para fugir da floresta: “Você está dentro do cérebro! O cerne da sua existência.”

Com isso, ele deve descobrir os segredos da mente humana. A saga transcorre pela busca para encontrar a saída daquele lugar desconhecido e reencontrar a mulher por quem se enamorou.

Um dos aspectos interessantes no roteiro é a metalinguagem utilizada para construir a história, que dialoga com pequenas imagens na capa, um castelo, uma chave, uma mão de um copista entre outras. Ou seja, uma referência aos clássicos contos de fadas, em que personagens se perdem na floresta e, ao final, encontram o seu amor.

Esse percurso cerebral em Neurocomic  mostra como os hormônios são produzidos e também responsáveis por esse sentimento. Seus caminhos são tão tortuosos quanto os obstáculos de uma floresta cheia de mistérios e desafios, o que não nega a boa influência psicanalítica dos clássicos contos.

As imagens que compõem as folhas de guarda, bem como a introdução de cada capítulo, são analogias às ilustrações utilizadas para retratar os contos de fadas. A arte da capa e as páginas pretas possuem uma semelhança com desenhos de esboços de Leonardo Da Vinci. São bastante rebuscadas e exploram a linha clara na narrativa.

Já os desenhos dos personagens possuem traços caricaturescos, enquanto outros, como as árvores neuronais, são bem surrealistas e retratam a ambiência fisiológica e imaginária.

A DarkSide mais uma vez capricha na produção, apesar de pequenos problemas de revisão e de faltar uma apresentação dos autores. A arte da capa em verniz amarelo e branco em alto relevo é um convite para o toque, para sentir e despertar o prazer da leitura. Miolo em preto e branco com impressão em papel pólen de alta qualidade para absorver a carga de alguns fundos pretos. Ao final da obra, os autores indicam outras leituras complementares sobre o assunto abordado.

Esta é uma ótima pedida para quem curte ciências, neurociência, biologia, corpo humano, psicologia, psiquiatria, psicanálise, contos de fadas e áreas afins, estudantes do fundamental e médio e pessoas interessadas sobre o funcionamento da mente.

Classificação:

4,0

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