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O cão que guarda as estrelas

26 setembro 2014

O cão que guarda as estrelasEditora: JBC – Edição especial

Autor: Takashi Murakami (roteiro e desenhos) – Originalmente publicado em Hoshi mamoru inu (Tradução de Denis Kei Mimura).

Preço: R$ 23,90

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Setembro de 2014

Sinopse

Um homem sem emprego, abandonado pela esposa e diagnosticado com uma grave doença, parte em uma viagem pela costa em direção ao interior do Japão acompanhado somente de seu cachorro Happy. Seu objetivo: encontrar um lugar que ambos possam chamar de "lar".

Positivo/Negativo

No Japão, a expressão que foi traduzida literalmente para o título deste álbum – Hoshi mamoru inu – é usada para descrever uma pessoa que almeja algo impossível. Sua origem vem da imagem de um cachorro que fica olhando hipnotizado para a constelação, como se desejasse alguma estrela.

Com essa premissa, o quadrinhista Takashi Murakami conta uma sensível e emotiva história sobre destino e amizade em um único volume, dividido em duas histórias interligadas.

Na primeira, que leva o nome do mangá, a garotinha Miku encontra um filhote em uma caixa de papelão e o leva para casa. Apelidado de Happy, por sua personalidade agitada e animada, logo o cãozinho cria um elo também com o pai, que sempre o leva para passear, enquanto areja as suas ideias.

O homem é apático com as decisões da esposa, Miku vira uma adolescente rebelde, o casal se separa e ocorre a dissolução do núcleo familiar.

Quando todo o espólio cabe dentro da sua pequena van, o senhor parte com o cão para o Sul, rumo à sua terra natal.

Para “humanizar” o animal, o autor apostou em colocá-lo na posição de narrador, o que solidifica mais a empatia do leitor com o personagem. Apesar de “responder” nos seus pensamentos ao “papai”, o cachorro tem um entendimento e noção do mundo tão inocente quanto o de uma criança.

Entre problemas financeiros e de saúde, os dois seguem para o seu destino com bons momentos. A narrativa é simples e a arte, elegante e funcional.

Uma possível escorregada de Murakami no impacto da obra acontece logo nas primeiras páginas, com uma revelação que ganharia mais robustez emocional se fosse deixada para ser descortinada perto do desfecho.

Mas o autor se redime na segunda parte, intitulada Girassóis. Aparentemente sem nenhuma conexão, o leitor é apresentado a Okutsu, um agente social que sempre vai visitar o túmulo do avô e adorná-lo com flores.

Dentre as reminiscências ligadas aos seus avós e seu animal de estimação, ele vai começar uma jornada detetivesca que também será uma descoberta de si mesmo.

No encerramento da última parte, tudo parece se encaixar mais naturalmente. Sempre com a “encarnação da sinceridade” e a fidelidade canina. Quem já teve ou tem seu melhor amigo de quatro patas, vai se sentir mais tocado pela HQ.

Sucesso no Japão e Estados Unidos, a obra conquistou categorias no mínimo curiosas como Livro para Chorar do Da Vinci Book of the Year 2009, e o Great Graphic Novels for Teens 2013 da American Library Association, dentre outros prêmios.

Em 2011, O cão que guarda as estrelas ganhou uma adaptação cinematográfica produzida no Japão e inédita no Brasil.

Com a proposta da JBC de lançar material diferenciado para livrarias e lojas especializadas, o álbum tem um formato maior que as edições mensais da editora (14,8 x 21 cm), com orelhas e uma boa impressão em papel lux cream, o mesmo da série Death Note – Black Edition.

Classificação

4,0

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