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O Inescrito – Volume 9 – Orfeu no Mundo Abissal

23 fevereiro 2015

O Inescrito – Volume 9 – Orfeu no Mundo AbissalEditora: Panini Comics – Edição especial

Autores: Mike Carey e Peter Gross (roteiro), Peter Gross (arte), Chris Churkry (cores) e Dean Ormston (arte-final de A reiteração da colheita de cadáveres) – Originalmente em The Unwritten # 42 a # 49.

Preço: R$ 22,90

Número de páginas: 176

Data de lançamento: Setembro de 2014

Sinopse

Após o incidente com uma seita de fanáticos, Tom Taylor descobre, por meio da policial Didge, que sua amada Lizzie Hexam está viva, presa na dimensão dos mortos. Ele decide ir até lá, e ganha o apoio do vampiro Savoy e o novato Danny Armitage.

Juntos, os três seguem ao coração da Austrália. Antigas fábulas são evocadas, e Tom retorna ao Leviatã, onde reencontrará aliados, enfrentará demônios, criaturas lendárias e uma parte esquecida de seu passado.

Positivo/Negativo

Nesta edição, o universo criado por Mike Carey e Peter Gross continua a se expandir, absorvendo referências e personagens da literatura, inseridos em um contexto “pop”, no qual novos e velhos mitos se encontram. De Dante a Harry Potter, de Rudolph Raspe a Crepúsculo, os autores não têm vergonha de escancarar suas fontes e situá-las em uma realidade em que as redes sociais criam e destroem ícones por segundo. Nela, a imaginação é o alimento de uma enorme baleia, e histórias realmente têm poder.

Desde o título, o imaginário Greco-Romano se mostra como pano de fundo. O leitor atento verá passagens da canção de Orfeu, da Eneida e dos 12 trabalhos de Héracles na narrativa, inseridos com o brilho e irreverência característicos.

E aí repousa o fascínio de O Inescrito.

Sem perder a coerência, a trama transita por uma vertiginosa escadaria, repleta de reviravoltas, na qual a cada patamar novos cenários são acrescidos, personagens desaparecem para logo retornar e nada é o que parecia.

Isso forma uma longa tessitura, em que o leitor amplia sua compreensão no mesmo ritmo dos protagonistas, descobrindo o que são e quais os papéis a desempenhar no tabuleiro da ficção.

Proveniente da mesma “árvore” de Sandman e Fábulas, se no início a comparação persistia entre alguns críticos, nesta edição o Inescrito afirma novamente sua identidade; repleta de humor sarcástico, simbolizado pelo neurótico homem-coelho Pauly e suas desventuras.

A arte de Peter Gross continua surpreendendo. Apesar de algumas limitações em relação à expressão de emoções nos rostos, ele consegue adaptar seu traço aos mundos da ficção por onde caminham Tom e seus aliados. Destaque para a última história, na qual presta homenagem às lindas gravuras de Gustave Doré para A Divina Comédia.

Acompanhando a qualidade da edição, o trabalho da ilustradora Yuko Shimizu amadurece a cada capa, com evocações oníricas e cores desconcertantes. Merecia, futuramente, uma história própria, na qual poderia explorar seu experimentalismo.

A Panini mantém a qualidade do acabamento com preço razoável. Mas trocar a página do “Complete a sua coleção” por um apanhado de notas explicando algumas alusões da história seria interessante. Além de enriquecer a publicação (sem alterar a estrutura da revista e precisar mexer no valor de capa), criaria um elo entre o leitor e as obras a que história faz referências.

Classificação

4,0

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