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O NEGRINHO DO PASTOREIO

1 dezembro 2012

O NEGRINHO DO PASTOREIO

Editora: Ygarapé - Edição especial

Autores: André Diniz (roteiro e arte) e Marcela Mannheimer (cor) - adaptação da lenda do Negrinho do Pastoreio.

Preço: R$ 23,00

Número de páginas: 64

Data de lançamento: Abril de 2012

 

Sinopse

Releitura da lenda do Negrinho do Pastoreio, feita por André Diniz, na qual o personagem principal é tudo, menos um coitado. Ele tem personalidade e iniciativa. Tem vaidade, mas abre mão dela em troca do que acha justo, num gesto heroico.

Positivo/Negativo

Os abolicionistas brasileiros, durante o Século 19, gostavam de contar uma lenda sobre um menino escravo sem nome, chamado apenas "Negrinho", que por perder uma corrida e, em seguida, os cavalos de um estancieiro, foi castigado na ponta do chicote e atirado a um formigueiro.

Três dias depois, o estancieiro viu Negrinho, que era devoto da Virgem Maria, pastoreando os cavalos e tendo a santa como companhia.

A lenda do Negrinho do Pastoreio foi popularizada em todo Brasil quando, em 1913, o escritor gaúcho João Simões Lopes Neto publicou o livro Lendas do Sul.

Por isso, é costume, ainda nos dias de hoje, acender uma vela ao Negrinho do Pastoreio, pedindo a ele ajuda para achar algo perdido.

O quadrinhista André Diniz vem se especializando na cultura afro-brasileira e já produziu quatro álbuns com essa temática: Chico Rei, Mwindo, O Quilombo Orum Aiê e A Cachoeira de Paulo Afonso.

Por não simpatizar com a postura submissa do Negrinho, Diniz achou que seria interessante adaptá-la para os quadrinhos, modificando a personalidade do personagem e também inserindo elementos da cultura afro, presentes em antigas versões da lenda.

Na obra de Diniz, Negrinho é um personagem ativo, que faz uma escolha e se responsabiliza por suas consequências. O filho do fazendeiro é trocado pelos personagens Inácio e Fernanda, sobrinho e filha do coronel Leopoldo, respectivamente.

O leitor também é informado que Negrinho tem Nossa Senhora Aparecida como madrinha, e a mesma é personificada tanto em sua forma cristã quanto no orixá feminino Oxum.

Essas escolhas deram mais corpo ao roteiro, permitindo um melhor desfecho para a trama.

Novamente, Diniz optou por um traço fortemente baseado na arte africana, e as cores vivas, trazidas pela professora e artista plástica Marcela Mannheimer, cativam o olhar do leitor, proporcionando uma agradável passagem sobre um tema doloroso.

A HQ é indicada para todas as idades, quer conheçam a lenda ou não.

 

Classificação:

4,0

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