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OORU # 1

1 dezembro 2010

OORU # 1

Editora: Conrad - Minissérie bimestral em cinco partes

Autor: Jin Hanyunyuu (roteiro e desenhos).

Preço: R$ 12,90

Número de páginas: 176

Data de lançamento: Abril de 2008

 

Sinopse

Kôzô Sanou, depois de enriquecer desenhando mangás semanais, exilou-se na ilha de Yonatou e perdeu o contato com o resto do mundo, morando numa pequena casa abandonada no campo.

No entanto, o ambicioso e endividado Takeshi Antai, editor de mangás, vai atrás de Sanou, para tentar convencê-lo a publicar uma nova história.

Antai encontra Sanou irredutível em seu autoexílio, mas, ainda assim, resolve levá-lo para um bar na tentativa de persuadi-lo a voltar a desenhar.

As coisas não saem como o previsto, e o bar vira palco de um tiroteio entre os yakuzas (mafiosos japoneses) locais. Animado com o que viu, Sanou resolve entrar para a máfia, e leva o editor junto com ele.

Só que nem sempre os planos correm como esperado.

Positivo/Negativo

Ooru foi lançado sem muito alarde pela Conrad, quando a editora não ia muito bem das pernas, em 2008. A história é de Jun Hanyunyuu, criador do mangá Koi No Mon e conhecido pela sua adaptação cinematográfica Otakus in love, selecionado em 2004 para o Festival de Veneza.

Este mangá foi pouco comentado quando saiu, e é difícil encontrar alguém que o acompanhou em bancas na época. Tanto que, dois anos depois, é fácil encontrá-lo em saldões de livrarias, de sebos e da própria editora. Indícios de um fracasso.

Mesmo assim, a HQ tem uma promissora metalinguagem, contando a trajetória do autor de mangás Kôzô Sanou, que enriqueceu desenhando, e exilou-se na ilha de Yonatou para procurar um significado para sua vida. O seu encontro com seu ex-editor gera uma sequência de acontecimentos que faz ambos entrarem para a Yakuza - a máfia japonesa.

Na verdade, é Sanou que quer ingressar na organização criminosa, em busca de alguma razão para viver. Antai vai junto só para tentar ter um novo mangá para lhe salvar a carreira.

O mote da trama é: um mangaká tentando levar a vida movimentada de seus personagens. E o editor não poderia ter outro papel, senão tolher as loucuras do autor. Uma metáfora nem tão camuflada da própria indústria de HQs.

Mas, mesmo com esse plot interessante, os personagens são fracos. Sanou é um doido varrido sem o menor carisma. Antai é um fracassado, aproveitador e sem valores morais. Uma visão clichê de editores da qual, aparentemente, Jun Hanyunyuu compartilha. Mesmo a mocinha Kuku, um contraponto ingênuo para ambos, carece de simpatia.

A partir da proposta da série, a trama não passa da típica história do gângster que começa por baixo e tem de ganhar confiança para galgar postos no clã; e isso se arrasta pelas páginas.

Já o traço de Hanyunyuu é diferente do habitual. Não é pasteurizado, como os de outros mangás. É mais sujo, com cenários esvaziados. Seus personagens são feios propositalmente - parece até que a intenção é que o leitor não goste de ninguém. O protagonista Sanou, que estampa a capa, é especialmente grotesco.

Fica claro que o mangá fica no meio do caminho entre o conceitual e o underground, mas com diversos elementos do mainstream, não sendo praticamente nem uma coisa nem outra nesta primeira edição.

Resta saber se, no restante da série, o autor encontra um rumo e consegue desenvolver sua narrativa de maneira mais apropriada.

Classificação:

4,0

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