Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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OS BRONCOS TAMBÉM AMAM

1 dezembro 2007


Título: OS BRONCOS TAMBÉM AMAM (L±)
- Edição especial

Autor: Angeli (texto e arte).

Preço: R$ 8,00

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Janeiro de 2007

Sinopse: Os anos 80 estão de volta. A publicação do pocket book Os Broncos Também Amam retoma o conjunto de textos, cartuns, sacadas e quadrinhos avulsos de Angeli publicados na Chiclete com Banana entre 1985 e 1990.

Esta é apenas a primeira parte da antologia inédita em livro: o lançamento do próximo volume, E Agora São Cinzas, está previsto para março.

No livro estão reunidas colunas como a de Benevides Paixão, uma sátira sobre o ego dos jornalistas baseada na experiência de Angeli na redação da Folha de S.Paulo, e a de Edi Campana, um voyeur e fetichista de plantão à procura do melhor ângulo feminino.

Já nas seções Goela Abaixo, New Look, As Drogas que Pintam, Biografias Inúteis, A Fauna que Aflora e O Melhor do Rock, Angeli aborda com o humor habitual e visão crítica aguçada as mais diversas situações do cotidiano.

Positivo/Negativo: Poucos que viveram nos anos 80 não se lembram da saudosa Chiclete com Banana. Talvez apenas os alienados que ignoravam a contracultura não se recordem desta que foi a maior revista em quadrinhos brasileira do período pós-ditadura.

Arnaldo Angeli Filho, ou apenas Angeli, nasceu em 1956 na capital paulista. Começou a trabalhar como cartunista na revista Senhor e, na década de 1970, foi contratado pela Folha de S.Paulo, na qual segue até hoje.

Na segunda metade da década de 1980, Angeli criou a revista Chiclete com Banana, na qual destilava seu humor ácido contra tudo e todos: políticos, jovens estereotipados, mulheres fúteis, rock moderno, uso de drogas, imprensa, cultura brasileira, Paulo Francis (principalmente) e tudo que aparecesse pela frente.

Era uma época de transformações, em que se instalava a Nova República no Brasil. O mundo, sofrendo da ressaca do desbunde dos anos 70, agora vivia o ostracismo do glam rock e do pop moderninho e pomposo. Muito glitter, maquiagem pesada, ombreiras altas e pouco cérebro, além de uma pequena onda de moralismo que surgia assustada com os excessos da década anterior.

Tudo isso só serviu para Angeli utilizar seu incisivo humor negro para contra-atacar, utilizando textos, quadrinhos e cartuns de maneira altamente debochada e sem papas na língua. O cartunista, hábil em manipular as palavras, fazer trocadilhos e satirizar acontecimentos políticos, culturais e sociais, criou uma série de personagens para ilustrar seu discurso.

Este primeiro volume de coletâneas ajuda a matar a saudade de uma revista que muito ensinou não só aos quadrinhistas brasileiros, mas a todos aqueles interessados em contracultura e mídia alternativa.

A iniciativa da L± em lançar o título é louvável, principalmente a um preço tão convidativo. Só é estranha a ausência de personagens clássicos como Bob Cuspe, Os Skrotinhos, Wood & Stock, Mara Tara, Walter Ego, Ralah Ricota, Bibelô, Osgarmo etc. Resta esperar que eles apareçam no próximo volume ou se a prioridade de publicação deles é da Devir, que também edita álbuns de Angeli.

Classificação:

4,0

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