Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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OS MELHORES DO MUNDO # 12

1 dezembro 2008


Autores: Os donos da sorte - Mark Waid (texto), George Pérez (desenhos), Bob Wiacek (arte-final) e Tom Smith (cores);

Velocidade máxima - Marc Guggenheim (texto), Tony Daniel (desenhos), Art Thibert, Jonathan Glapion (arte-final), Tanya Horie e Richard Horie (cores);

Os Nômades / A Legião dos Super-Heróis - Tony Bedard (texto), Kevin Sharpe (desenhos), Mark McKenna, Jack Purcell (arte-final) e Nathan Eyring (cores);

Amor e Morte - Jodi Picoult (texto), Terry Dodson (desenhos), Rachel Dodson (arte-final) e Dave McCaig (cores).

Preço: R$ 6,90

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Junho de 2008

Sinopse: Os donos da sorte - No espaço, o Lanterna Verde Hal Jordan encontra um jovem morto por um tiro. Ao procurar Batman, o Homem-Morcego avisa que deparou com um rapaz idêntico na Batcaverna - e há vários casos similares ao redor do mundo. É a estréia de O bravo e o audaz.

Velocidade máxima - Flash vai ao Getty enfrentar a Galeria de Vilões. Mas terá que se virar contra uma máquina capaz de roubar a Força de Aceleração.

Os Nômades / A Legião dos Super-Heróis - A Legião dos Super-Heróis e os Nômades atacam os domínions. E um domínion recorda quais momentos levaram a esse enfrentamento.

Amor e Morte - Circe ressuscita a Rainha Hipólita. Nêmesis resgata a Mulher-Maravilha. E as amazonas começam um grande ataque à humanidade.

Positivo/Negativo: Pelo que se começa a elogiar O bravo e o audaz?

A série, que estréia neste número de Os melhores do mundo, tem muitos méritos. Observando-a no contexto atual do Universo DC, que apresenta uma franca decadência de qualidade (basta ver as outras histórias desta mesma edição), é um belo lançamento.

Mas a verdade é que não chega a ser uma grande surpresa. Afinal, a fórmula para se fazer uma boa HQ de super-heróis é nenhum mistério. Em geral, basta unir um autor competente com um belo desenhista e, voilá, surge uma revista bacana.

Vide Lanterna Verde, de Geoff Johns e do brasileiro Ivan Reis. Ou Grandes Astros - Superman, de Grant Morrison e Frank Quitely. Na Marvel, há até a admirável união de John Cassaday e Joss Whedon, que faz X-Men dar certo!

Mark Waid nem sempre é genial. Basta ver seu trabalho recente na Legião dos Super-Heróis, que é publicada na mesma revista - agora a cargo do fraco Tony Bedard. A série, quando não insossa, era apenas simpática. Mas, quando acerta, Waid se dá muito bem - e, como costuma se dar bem com os figurões da DC, O bravo e o audaz se revela uma grande bola dentro.

George Pérez, por sua vez, é um grande talento da indústria de super-heróis. Em O bravo e o audaz, se dá melhor ainda quando deixa de lado a vertente extremamente detalhista de sua obra (como em Crise nas Infinitas Terras) e aposta em valorizar a ação e a expressão dos heróis. É o que faz na série.

O título não é grande apenas pela característica de reunir grandes heróis, mas também porque acerta em cheio ao juntar dois criadores de mancheia. Juntos, Waid e Pérez produzem uma HQ deliciosa de ler. A narrativa é ótima, os quadros são bonitos, as páginas estão bem diagramadas.

A dupla já começa a trama com o mote do rapaz que aparece morto no espaço - e logo se descobre que há dezenas de cadáveres idênticos ao redor do mundo. É um senhor primeiro passo para uma aventura de mistério, e é difícil não se envolver e querer desvendá-lo.

A rigor, O bravo e o audaz não é nenhuma obra-prima nem esboça uma revolução estética. Apenas segue os preceitos de uma boa HQ. Mas, ainda assim, encanta - simplesmente porque é daqueles gibis que lembram ao seu leitor como deveriam ser todos os gibis.

As outras três histórias da revista, por sua vez, contrastam com a obra de Waid e Pérez. Simplesmente porque ficam aquém do aceitável.

Flash, ainda que tenha sua trama geralmente irregular atenuada por uma edição com muita ação, tem arte fraquinha, que deixa os personagens desconjuntados. Dá até dó de ver: é um pescoço torto aqui, um rosto malfeito ali, coxas exageradamente grossas acolá. É uma pena que um herói tão carismático tenha de passar por isso.

A história da Legião dos Super-Heróis peca por sua tentativa de se conectar com o resto da cronologia da DC. Fica claro, por conta dos domínions que pronunciam toscamente "tinkenta-dôs", que a série está interligada a 52. Mas o excesso de enigma não resolve nada: apenas deixa o leitor confuso, incapaz de entender o que está se passando.

Para piorar, há páginas de flashback com quadros de bordas esfumaçadas. O efeito visual é artificial e feio.

Em Mulher-Maravilha, nem a arte do casal Dodson se salva. Embora os traços sejam bonitos, não sobrevivem aos tons azulados da cor de Dave McCaig, que substitui Alex Sinclair. O desenho acaba sufocado por uma série de escolhas infelizes, que suprimem o lado mais pop da história.

A trama bolada por Jodi Picoult, se não ajuda, ao menos não atrapalha: ela é um fio condutor para a minissérie O ataque das amazonas, também lançada pela Panini.

A irregularidade recente do título, somado a um mix de personagens de segundo escalão, parece ter causado problemas para a sua viabilidade. Próxima de seu cancelamento, Os melhores do mundo deve ser substituída por novos títulos, em um movimento editorial que tenta dar novos ares para o Universo DC no Brasil.

Classificação:

4,0

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