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OS NOVOS VINGADORES # 63

26 outubro 2009


Autores: Os Novos Vingadores (originalmente em New Avengers # 40) - Brian Michael Bendis (texto), Jim Cheung (desenhos), John Dell (arte-final) e Justin Ponsor (cores);

A morte do Capitão América - 2º ato (originalmente em Captain America # 36) - Ed Brubaker (texto), Butch Guice, Mike Perkins (arte) e Frank D'Armata (cores);

A invasão secreta (originalmente em Ms. Marvel # 25 e #26) - Brian Reed (texto), Adriana Melo (desenhos), Ron Frenz (desenhos das páginas 52-54 e 63 a 66) Mariah Benes (arte-final), Sal Buscema (arte-final das páginas 52-54 e 63 a 66) Ron Lim (desenhos) e Chris Sotomayor (cores).

Preço: R$ 8,50

Número de páginas: 104

Data de lançamento: Abril de 2009

Sinopse: Os Novos Vingadores - Numa história situada no passado, os skrulls revelam como funciona seu plano de substituir heróis para invadir a Terra.

A morte do Capitão América - 2º ato - Sob o manto de Capitão América, Bucky enfrenta Pecado e o Esquadrão Serpente.

A invasão secreta - As suspeitas de que Ms. Marvel possa ser uma skrull disfarçada se intensificam.

Positivo/Negativo: Invasão Secreta começou, e esta é a primeira revista oficialmente interligada à minissérie Marvel que mostra o domínio dos alienígenas skrulls sobre a Terra.

Muitas vezes, essa interligação é forçada - nada mais que um apelo mercadológico para incrementar as vendas. O leitor, viciado no ciclo de colecionismo que envolve as HQs norte-americanas, seria levado a comprar tudo que está relacionado à série.

Contudo, este não é o caso desta edição. Das quatro histórias, três são interligadas à Invasão Secreta. Mais do que isso, até: são tramas que contribuem com a trama principal.

A história de Novos Vingadores, por exemplo, mal mostra os integrantes do grupo de super-heróis renegado. A HQ foca em explorar a origem da invasão skrull, fixando-se no passado dos personagens alienígenas.

Ao fim da história, o leitor consegue dizer como os alienígenas invadiram a Terra e como conseguiram reproduzir os heróis substituídos tão fielmente. Além disso, é revelado outro skrull disfarçado.

Bendis mostra-se um autor generoso e objetivo. Não enrola o leitor. Mostra fatos sem criar segredinhos bobos. E reforça o fato de que qualquer um pode ser um skrull - sinal de que a briga que vem pela frente tem base pra ser boa e cheia de reviravoltas.

Merece destaque o traço de Jim Cheung, simples, bonito e expressivo (tanto que, às vezes, beira o piegas).

Outro traço que chama atenção na revista é o de Adriana Melo, que estreia como titular de Ms. Marvel. Com poucos trabalhos publicados por aqui, a brasileira chamou atenção em séries da linha Star Wars. Quando não fica aprisionado pelos clichês das HQs de super-heróis (como dentes que rangem), seu desenho consegue chegar a uma expressão bonita no rosto dos personagens.

Numa edição com páginas extras como esta, Ms. Marvel ocupa mais da metade da revista. Como o título nunca chegou a ser grande coisa, a leitura poderia ser uma experiência massacrante. Mas não chega a tanto.

Adriana está em boa parte dela, e é responsável por tornar a leitura mais agradável. Além dela, os trechos de flashback desenhados por Ron Frenz em estilo antigo dão uma boa arejada.

O roteiro de Brian Reed não tem a mesma objetividade que o de Bendis. A narração em off de Carol Danvers (ou da skrull que a substituiu) feita nos recordatórios é maçante. Mas, historicamente, Ms. Marvel sempre foi uma série irrelevante. Ao menos agora, com um papel central em Invasão Secreta, o leitor tem uma motivação para ir acompanhar a HQ.

Alheio ao grande evento Marvel do ano, Brubaker continua fazendo um grande trabalho em seu Capitão América. Sem seu personagem-título, morto, a série segue um rumo muito interessante - e bastante diferente do que se vê costumeiramente nas HQs de super-heróis.

Usualmente, a revista seria cancelada com a morte do protagonista. Ou, de acordo com os clichês correntes, o herói ressuscitaria logo mais adiante. Outra possibilidade seria rebatizá-la com um título bizarro. Bucky, Viúva Negra & Sharon - Os Capitães da América, por exemplo.

Sem um protagonista nítido (nem um grupo formal, como os Vingadores), a série acompanha a tentativa de preencher o vazio deixado por Steve Rogers tanto no Universo Marvel quanto na vida de seus personagens, gente muito próxima do herói.

Quando, nesta edição, Bucky veste o manto de seu velho companheiro, usa uma arma e um colete à prova de balas. Ainda assim, se atrapalha com o escudo e é avacalhado pela população durante um protesto.

Muitas vezes, a manutenção do título por tanto tempo parece esquisita. Não é. Ao manter a história em andamento, Brubaker vai quebrando, edição após edição, os clichês que permeiam os super-heróis. O Capitão não voltou. Sua história acabou - mas não as histórias em seu entorno.

Por mais que Invasão Secreta esquente esta edição, o Capitão América é uma prova de que a Marvel tem muitas boas histórias para contar sem precisar recorrer aos desgastados e mirabolantes crossovers.

 

Classificação:

4,0

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