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PELEZINHO - EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE PELÉ

2 outubro 2009


Autores: Estúdios Mauricio de Sousa (texto e arte).

Preço: Cr$ 450,00 (preço da época)

Número de páginas: 208

Data de lançamento: Outubro de 1990

Sinopse: Edição especial em comemoração aos 50 anos de Pelé. Além de histórias de Pelezinho, há matérias especiais e passatempos.

Positivo/Negativo: "O mundo era muito maior do que é hoje quando Pelé virou rei. Não havia fax, telex, jumbo, videoteipe e a tecnologia que hoje aproxima pontos distantes da Terra."

Passaram-se 19 anos desde que a frase acima abriu a primeira matéria do especial em homenagem aos 50 anos de Pelé.

De lá pra cá, o telex morreu, o fax está indo pelo mesmo caminho, ninguém mais chama um 747 de jumbo e videoteipe virou um troço que um celular fuleiro dá conta de fazer.

Na lista dos outros "Pelés" do esporte brasileiro, o piloto Ayrton Senna é citado como uma promessa. Não havia sinal de Guga Kuerten nem de Daiane dos Santos. Nem de Ronaldo e de Ronaldinho Gaúcho - que também viriam a ser traçados por Mauricio.

Nesse tempo todo, Pelezinho ficou fora das bancas, das livrarias e da internet. O especial foi a última publicação estrelada pelo personagem, que já atravessara alguns anos conturbados (para conhecer melhor a história, leia o artigo Pelezinho: a história de um craque dos gibis, de Marcus Ramone).

O personagem, pelo menos, encerra sua trajetória em alta: comemora o aniversário
de seu inspirador com uma edição grandona, cheia de extras, nos mesmos
moldes do álbum Maurício 30 Anos,
publicado um pouco antes.
Para os leitores, havia até mesmo a promessa de que, em breve, haveria a estreia de um Pelezinho reformulado, uma versão adolescente do personagem (mas não em estilo mangá, como virou moda hoje).

Até a capa anuncia a chegada do novo Pelezinho. Mas, no miolo, tudo o que se tem é uma galeria de personagens remodelados e uma descrição do projeto, que mostra o jovem Pelé como um craque em todos os esportes, integrante de uma liga de jovens esportistas superpoderosos.

História mesmo que é bom, nada. É uma baita decepção. E a sensação só piora duas décadas depois, quando fica evidente que a estreia morreu como promessa.

Mas o tempo também fez bem ao especial de Pelezinho. Na época, as histórias eram pouco especiais - eram meras republicações, tais quais as que os almanaques do personagem traziam.

Atualmente, a compilação é uma boa amostra do que Pelezinho foi: um personagem com HQs ótimas - ágeis e divertidas.

Chama a atenção o dinamismo e a os quadros sombrios de É proibido furar, a engenhosidade de O gigantesco Pelezinho e o humor de Carona de guarda-chuva.

Os coadjuvantes das HQs merecem um destaque.

O time era bem brasileiro: tinha negros, japoneses, árabes e até Frangão, um goleiro meio polaco, todos reunidos pelo brasileiríssimo futebol de várzea.

Seria uma bobagem, porém, dizer que Mauricio e Pelé foram visionários em antecipar, ainda nos anos 70, a onda do politicamente correto. A mistura da turma do Pelezinho apenas representa o Brasil real, retratado sem hipocrisia. Não há nenhuma mensagem edificante construída artificialmente em torno da pluralidade racial, tanto que a árabe Samira faz quibes medonhos.

A mistura de raças é apenas uma consequência de um retrato simples, autêntico e sincero do País - que nem mesmo a Turma da Mônica conseguiu fazer tão bem.

Essa multiplicidade é um dos mais fortes pilares das HQs de Pelezinho. E isso não é pouca coisa. Por mais que Pelé seja um craque merecedor de homenagens, há reportagens melhores e mais profundas com o jogador. Também não faltam revistas de passatempo no mercado - e não faltavam há 20 anos.

São os quadrinhos que fazem toda a diferença.

Volta e meia se fala de um retorno de Pelezinho. Talvez haja meandros desconhecidos do público que até agora impediram isso de acontecer. Mas os 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa e a proximidade da Copa do Mundo no Brasil são boas oportunidades para republicar histórias tão bacanas - e seria uma pena desperdiçá-los.

 

Classificação:

4,0

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