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Preacher #26

1 dezembro 2003


Autores: Garth Ennis (roteiro) e Steve Dillon (desenhos).

Preço: R$ 7,90

Número de páginas: 24

Data de lançamento: Maio de 2003

Sinopse: Até as Pistoleiras Ficam Tristes - Dando seqüência aos flashbacks da infância e juventude de Tulipa, o episódio narra a triste morte de seu pai e o período em que morou num colégio interno, onde conheceu sua melhor amiga Amy Grinderbinder.

As duas vivem algumas aventuras e perigos até que Tulipa conhece o homem da sua vida: Jesse Custer.

No presente, após reencontrar-se com Amy, Tulipa descobre que Jesse ainda está vivo.

Positivo/Negativo: A partir dessa edição, a revista Preacher torna-se, oficialmente, quinzenal (a mudança consta no expediente e, além disso, a editora se compromete, num texto publicado na seção de cartas, a garantir essa periodicidade).

Embora o preço elevado torne difícil para o leitor adquirir duas edições por mês, é bom ver o desfecho da série ser antecipado. Afinal, nunca se sabe quando alguma louca mudança na economia ou outra guerra estourando, podem fazer naufragar os planos de uma editora. Por isso, quanto antes Preacher chegar ao fim, melhor. Ninguém quer esperar dez anos para ler o fim da série, como aconteceu com Akira, por exemplo.

Garth Ennis continua conduzindo firmemente sua narrativa. Sem grandes arroubos, pontualmente, não desperdiçando uma cena sequer, consegue passar tudo o que se precisa saber a respeito de Tulipa. Cada vez mais, personagens como ela, Amy, Jesse, Cassidy (mesmo sendo um vampiro) parecem tornar-se reais, extremamente verossímeis em suas reações, desejos, personalidades e contradições.

Num casamento perfeito, os desenhos simples, mas expressivos, de Steve Dillon seguem de perto o tom do roteiro. É fascinante constatar como ele consegue conduzir os olhos do leitor pela narrativa de maneira tão natural. Tanto que mal chegamos a lembrar que estamos olhando desenhos no papel e não pessoas reais.

Seguindo fielmente uma filosofia já deixada bem clara em suas obras em conjunto, Ennis e Dillon caminham na contra-mão da tendência "estilo antes da história" dos quadrinhos modernos, na qual imagem, visual e edições luxuosas são mais importantes do que o conteúdo. Eles preferem, ao invés disso, dar ênfase à trama que está sendo contada, a ponto de passarem praticamente despercebidos como autores. Para o leitor, não há texto, nem desenhos, apenas personagens e uma história. E isso tem bastado… e muito!

O final da edição consegue um efeito de "respiração suspensa" tão angustiante quanto o final de Matrix Reloaded. Ainda bem que agora os leitores só precisarão esperar quinze dias pela seqüência. A edição continua impecável e os erros de português parecem ter, finalmente, se tornado coisa do passado. Nada mais a pedir, a não ser diminuição do preço (pode parecer cansativo bater nessa tecla sempre, mas a esperança é a última que morre).

Um destaque deve ser apontado para a belíssima capa. Glenn Fabry é um
ilustrador sensacional, mas suas especialidades costumam ser as imagens
fortes e chocantes e os personagens pra lá de feios. Por isso, pinturas
tão belas e simples como as desta edição e da anterior foram surpresas
muito agradáveis. Não que as habituais sejam ruins, de forma alguma, mas,
às vezes, os olhos pedem um colírio como esse; e sujeitos como o Cara
de Cu podem esperar a sua vez!

Classificação:

4,0

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