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REVELAÇÕES

1 dezembro 2008


Autores: Paul Jenkins (texto), Humberto Ramos (arte), Leonardo Olea e Edgar Salgado (cores).

Preço: R$ 42,00

Número de páginas: 160

Data de lançamento: Março de 2008

Sinopse: Um candidato a sucessor do Papa é encontrado morto no Vaticano. Quem é escalado para investigar o caso é o detetive Nothern, da polícia de Holborn, em Londres, que cairá no meio dos maiores segredos da Igreja Católica a fim de desvendar o crime.

Positivo/Negativo: Paul Jenkins é um autor irregular. Às vezes, faz grandes trabalhos bacanas, como as minisséries Inumanos e Sentry. Noutras, tem um resultado apenas razoável, como é o caso de sua passagem por Hellblazer e Homem-Aranha.

Humberto Ramos é um bom artista, mas está longe de ser um dos mais notáveis do ramo. De qualquer maneira, seu traço é expressivo, caricaturesco. Ao evocar o clima dos desenhos animados, torna-se naturalmente carismático.

Os dois já tinham trabalhos em conjunto: uma linha de histórias do Homem-Aranha, publicado inclusive no Brasil, pela Panini. A série tinha sua graça, mas, francamente, não era memorável.

Pouco empolgante, a passagem da dupla pela revista da Marvel pode acabar desmotivando os leitores de investirem neste álbum da Devir. Seria uma pena. Revelações é um dos trabalhos em que Jenkins se mostra em plena forma.

A trama em si é calcada num argumento para lá de batido: um terrível assassinato pode revelar os segredos do Vaticano, e isso seria um absurdo, simplesmente porque o mundo não está pronto para ser exposto a uma verdade tão brutal.

O mote é gasto, tudo bem, mas rendeu uma história bacana, principalmente porque o detetive Nothern é uma figura. Sua caracterização é consistente, muito acima da média dos quadrinhos norte-americanos. Mais que isso, seu jeito de pensar e agir reflete diretamente na trama. Nada é por acaso.

O traço de Ramos até tem seus problemas. Como o desenho tende para o humor, o detetive não consegue parecer bravo nem quando precisa. Em vez de parecer furioso, faz beicinho.

Mas isso é um detalhe - e funciona até mesmo como característica do personagem. O ponto central da arte é que, ao lado dos coloristas, Humberto Ramos se revela majestoso. É muito, mas muito mais do que se espera dele, e uma das grandes surpresas do álbum.

O tratamento gráfico da Devir é digno da história. Mesmo o formato reduzido (16,5 x 24 cm), mais econômico que o original, dá conta do trabalho. A impressão é de boa qualidade, e não perde as sutilezas do trabalho do time de arte. A revisão é que peca: além de dois ou três errinhos menores, a editora insiste em grafar "mini-série", com hífen, quando o correto é sem, como "minissaia".

Clichês à parte, Revelações é uma história deliciosa e rende uma boa tarde de diversão. Não é o melhor que o mercado (e a própria Devir) tem a oferecer, mas é um porto seguro para os seguidores do mercado norte-americano saírem da comodidade muitas vezes enfadonha dos super-heróis.

Classificação:

4,0

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