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SAMURAI EXECUTOR # 6

1 dezembro 2008


Autores: Kazuo Koike (texto) e Goseki Kojima (arte).

Preço: R$ 14,90

Número de páginas: 384

Data de lançamento: Novembro de 2007

Sinopse: O sexto volume de Samurai Executor reúne sete histórias.

O demônio Kageyu - Kageyu Nakayama se tornou o oficial responsável por controlar as ruas de Edo. Mas decidiu agir com brutalidade, punindo criminosos e suspeitos com violência, tortura e morte.

Apagando as chamas do inferno - Uma velha insana, metida a bruxa, aterroriza seus carcereiros na véspera de sua execução. Mas Asaemon decide passar a noite ao seu lado.

"Takewari" Kansuke - Mortes misteriosas tomam conta das noites de Edo, envolvendo na investigação Kasajiro, o marido de Shinko, a "Kappa".

Yoshichi, o banguela - Um torturador cruel e banguela tenta extrair informações de "Takewari" Kansuke.

A vida como orvalho - Uma flor pode acalentar a morte.

Um conto à beira da morte - Um humorista pede para morrer contando uma piada.

Haru-Shiban - O quarto vento da primavera - Um homem cometeu um crime para tentar salvar a esposa - e está condenado.

Positivo/Negativo: Samurai Executor é uma revista que mantém um excelente nível de roteiro. Mas, desta vez, Koike se superou. As sete histórias estão entre as melhores da série.

A revista começa com uma das mais histórias mais emblemáticas da série.
Para mergulhar em O demônio Kageyu, é preciso compreender que
Asaemon leva uma vida pouco nobre. Afinal, um samurai vive para matar
gente. Mesmo na época, já era um cargo complicado, pois, como se viu na
edição anterior, ele era considerado
sinal de mau agouro e sequer podia sair na rua em dias festivos.

Eis que surge o oficial Kageyu Nakayama e se estabelece como um contraponto moral a Asaemon: olhando para seus métodos, sobressai-se a dignidade e o senso de justiça do protagonista da série. E só assim abre-se espaço para que o personagem reconheça seus erros e sua sina e comece um belo discurso de defesa do que faz:

"É imperdoável que pessoas matem outras pessoas, seja em qualquer circunstância. Continuo a executá-las, desejando que essa minha atitude desumana e cruel seja o mais rápido possível percebida e sonegada pelos homens de bem." (p. 81)

O mangá reforça, a partir daí, o compromisso humanista do Samurai Executor. Ele sai da história com o espírito purificado. Com a idéia em alta, começa logo em seguida Apagando as chamas do inferno, uma trama devastadora em que Asaemon mostra na prática seu compromisso ético de assassino mantido pelo governo.

Ao entender e compartilhar a dor da velha bruxa, Asaemon promove a redenção de uma criatura perdida. Mais que isso: desafia a capacidade de projeção do leitor, praticando misericórdia em uma situação quase impensável. É um gesto típico de salvadores iluminados da cultura mundial, como Buda, Jesus Cristo e Gandhi, mas praticado por um anônimo que, vale reforçar, não é bem aceito sequer por seus vizinhos em eventos festivos.

Com seu protagonista reconstruído, Koike muda o foco da história seguinte. Deixa de lado as grandes parábolas morais e parte para empolgante uma aventura policial ("Takewari" Kansuke) que, em seguida, se transforma em um relato de tortura (Yoshichi, o banguela). São tramas menos densas, mas com um ritmo acelerado e uma narrativa bem conduzida.

Nas duas, há o bem-vindo retorno dos carismáticos Kasajiro e Shinko, a "Kappa", que aparecem em uma história do volume anterior. É uma das raras reincidências de personagens no mangá, mais focado em aventuras fechadas.

Encerram o álbum três histórias curtas, em torno de 15 páginas cada, que retratam três execuções. São tramas breves e bastante poéticas, que combinam dentro de si singeleza e violência.

A única restrição a este volume poderia ser o desenho de Kojima, que ainda está aquém do seu auge, visto em Lobo Solitário. Mas parece que desta vez Koike compreendeu as limitações do parceiro e abriu espaço para que ele exercitasse o lado mais bem trabalhado de sua arte neste período: a expressividade dos coadjuvantes frente a impavidez do Samurai Executor.

O resultado é que este sexto volume é, faltando dois volumes para o desfecho da série, um ponto alto da saga de Asaemon - e o primeiro vislumbre claro de que a dupla estava destinada a fazer uma obra-prima dos mangás logo em seguida.

Classificação:

4,0

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