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SPAWN # 179

1 dezembro 2011

SPAWN # 179

Editora: Image Comics - Revista mensal

Autores: David Hine (roteiro), Mike Mayhew (desenhos, arte-final e capa) e Andy Troy (cores).

Preço: US$ 2,95

Número de páginas: 24

Data de lançamento: Junho de 2008

 

Sinopse

França, 1º de Julho de 1916. Em plena Grande Guerra, no primeiro dia da Batalha de Somme, a entrincheirada coalizão anglo-francesa parte para a ofensiva contra as extensas linhas de defesa alemãs.

Um destacamento de soldados ingleses, sob o comando do Capitão Thomas Coram, prepara-se para atacar seus inimigos em meio à densa cortina de fumaça que cobre grande parte do campo de batalha. Às cegas e orientados somente pela pouca coragem restante, os britânicos avançam.

Dentre eles, o jovem praça Michael, cujo destino será primordial ao surgimento do War Spawn.

Positivo/Negativo

Uma coisa deve ser reconhecida de cara: quando assumiu os textos da revista, a partir da edição # 151, iniciando um run de pouco mais de 30 delas, David Hine tentou dar uma nova cara ao anti-herói Spawn, com roteiros elaborados e qualidade criativa bem superior ao que veio antes.

Se não fez melhor, deveu-se às habituais críticas editoriais ou mesmo conceituais do próprio personagem, que ainda gera dicotomias entre muitos leitores. Ainda assim, o escritor merece créditos, pois demonstrou que boas histórias podem ser contadas em qualquer terreno, não importando as circunstâncias.

Trabalhando toda uma reformulação no universo do personagem durante a saga Armageddon (números # 151 a # 164), dedicou algumas edições seguintes a tramas distintas e autocontidas, ambientadas no passado, mostrando a origem de alguns antecessores de Al Simmons.

Nesses especiais, surgiram o Spawn Mandarim (dinastia Sung da China, de 960 a 1275 d.C.) e o Spawn Pistoleiro (nos anos finais do Velho Oeste, em 1881). Agora, é a vez do War Spawn, ambientado durante a Primeira Guerra Mundial.

Como todos os outros, esse Spawn tem sua gênese ligada ao famoso acordo com o demônio Malebolgia, por meio de seu arauto Mammon. E, diferentemente daqueles, o motivo não foi vingança, e sim amor por um ente querido.

Utilizando a conhecida fórmula do pacto com o diabo, o enredo é bastante rápido, simplório até, passado num dos momentos mais famosos do que até então era a "Guerra das Guerras". Para quem curte histórias de terror e guerra, a leitura cai como uma luva.

O protagonista apresenta certos paradoxos. É um defensor de direitos iguais entre os homens em uma época fortemente discriminatória, porém não deixa espaço para praticar suas teorias liberais. Tanto que mantém um relacionamento às escondidas com uma criada negra de seu pai, chegando a sentir vergonha ao ver o filho "bastardo" recém-nascido.

Ou seja: como um caso clandestino com uma afro-americana, abandonada logo após a gravidez, é sinal de uma crença quanto a uma filosofia social igualitária? Da página 8 à 10, Thomas mostra-se alguém de opiniões e atitudes paradoxais.

Ao fim de tudo, tenta se redimir tentando salvar a vida do filho negligenciado - o grande momento da HQ, a hora do contrato selado em pleno campo de batalha destroçado e as nefastas consequências.

Na mesma esteira de momentos marcantes, a última cena deixa claro que Al Simmons não é único descendente de uma linhagem maldita, com o nascimento de outra personagem bastante conhecida do universo criado por Todd McFarlane, prova cabal de quão antiga é a manipulação de Mammon para os eventos futuros.

Tudo isso é retratado no lápis inspirado de Mike Mayhew, com as cores realistas de Andy Troy. Não são poucas as cenas que mais se assemelham a fotografias in loco, com colorização profunda, versátil e desenhos detalhistas para os ambientes e características da época.

Um dos principais destaques neste quesito é a ausência de quadros em muitas páginas. A arte repousa em painel único, tal qual uma moldura, com as cenas dividindo espaços e sugerindo uma narrativa mais direta e sem interpolações.

Não há sequer balões; os diálogos e descrições do narrador (em terceira pessoa) misturam-se em blocos de textos espalhados sobre o traçado.

Seguindo a lógica editorial, este seria o próximo número, caso a Pixel Media tivesse continuado a publicar a revista, interrompida na edição # 178, no final de 2008. Como não houve renovação do contrato e nenhuma outra editora demonstrou interesse pela série desde então, o jeito é conseguir a versão original norte-americana.

Em suma, é um conto que pode ser lido e facilmente entendido mesmo por leitores de primeira viagem, sem necessidade de grandes conhecimentos prévios da cronologia e a mitologia de Spawn.

Literalmente, aqui se vê o Soldado do Inferno.

Classificação:

4,0

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