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SUPER-HOMEM - FUNERAL PARA UM AMIGO # 1

1 dezembro 2006


Título: SUPER-HOMEM - FUNERAL PARA UM AMIGO # 1 (Editora Abril) - Minissérie em quatro partes

Autores: Dan Jurgens, Jerry Ordway e Roger Stern (roteiro); Dan Jurgens, Tom Grummet e Jackson Guice (desenhos) e Rick Burchett, Doug Hazlewood e Denis Rodier (arte-final).

Preço: na época era variável, de acordo com uma tabela da editora

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Março de 1994

Sinopse: O primeiro herói do planeta jaz sem vida ao lado de seu assassino, em meio a uma Metrópolis arrasada física e espiritualmente pela sua batalha. O mundo (inclusive os pais adotivos do Homem de Aço) assiste enquanto a equipe de paramédicos tenta ressuscitá-lo. Infelizmente, é tudo em vão e resta ao planeta chorar a morte de seu grande campeão.

Entre os desdobramentos do trágico clímax do embate entre Super-Homem e Apocalypse, o caos se instala em Metrópolis e a equipe do Cadmus tenta reaver o corpo do kryptoniano para estudos. Algo que trará conseqüências sérias para o mundo no futuro.

Positivo/Negativo: Os reais desdobramentos da Morte
do Super-Homem
começam nesta minissérie, originalmente publicada
dentro dos títulos mensais do herói em 1993 e trazida ao Brasil menos
de um ano depois pela Abril. Foi parte da campanha de lançar aqui
o marcante acontecimento quase paralelamente aos Estados Unidos, acelerando
a cronologia que a editora adotava até então.
Na seqüência direta à Morte, o Super-Homem e Apocalypse estão exatamente onde foram deixados sem vida: na frente do Planeta Diário. Dan Jurgens se encarrega do primeiro capítulo, conduzindo a história com competência. Joga o leitor de ponto a ponto, mostra os desdobramentos do conflito e cria situações interessantes, como a tentativa dos paramédicos de ressuscitar o herói e a cena chocante do seu amigo Bilbo tentando revivê-lo dando uma carga centenas de volts.

Há duas seqüências, porém, que se destacam pela sensibilidade e emoção esperadas em momentos como este. A primeira envolve o casal Kent. Ao ouvirem a notícia da morte do filho, Jonathan e Martha se unem e esperam uma confirmação oficial, demonstrando a mesma fé e perseverança que tanto inspirou Clark.

A segunda é com a então noiva do herói, Lois Lane, em um momento de afeto e carinho com a lembrança do amado ao visitar seu apartamento e pensar nos futuros sogros e como eles estariam.

Tom Grummet e Doug Hazlewood, seu melhor arte-finalista, fazem um belo trabalho, apesar de falhar por vezes ao simplesmente procurar retratar o Super sem vida no chão. O braço do personagem, por exemplo, aparece cada hora de um jeito, mas são pormenores diante da forma como conduzem a trama, sabendo o ponto exato onde explorar closes ou não.

A segunda história é conduzida por Roger Stern, e mostra os primeiros desdobramentos globais da morte do herói. Mas, infelizmente, algo que poderia e deveria ser mais bem explorado, inclusive nas edições futuras, é apenas levemente pincelado da forma mais batida possível: alguns painéis, anunciando a morte em idiomas diferentes e citando superficialmente o que o herói fez aqui e acolá. Uma pena.

Além disso, a arte quase fotogênica de Guice busca um realismo pesado demais, principalmente nas cenas de ação.

Um fator curioso é que a maioria dos personagens desta trama nem sequer faz parte do Universo DC atual. A Supermoça ainda em sua forma protoplásmica, o Guardião, o Predador, Lex Luthor II, Gelo e Bloodwynd e até mesmo Meg Sawyer e Turpin.

De certa forma, até mesmo o casal Kent foi "deletado" da continuidade e substituído por contrapartes mais jovens e smallvillianas depois de Legados das Estrelas.

Ainda assim, existe em toda a trama a marca registrada do editor Mike Carlin, responsável por construir uma sólida cronologia em torno do Homem de Aço - trabalho tristemente destruído nos últimos anos por furos editoriais e responsável por criar uma verdadeira bagunça sobre o que "vale" ou não em termos de história do Super-Homem.

A Abril, curiosamente, optou por uma versão menos luxuosa e mais econômica para esta etapa da saga da Morte-Retorno, apresentando a compilação das oito histórias do arco em uma minissérie quinzenal de 48 páginas, no tradicional formatinho e sem o requinte gráfico presente no especial A Morte do Super-Homem.

Fora os esperados prejuízos na tradução e na arte advindos pela redução do formato, a edição apresenta a qualidade gráfica tradicional nos títulos da Abril.

Pontuada de momentos interessantes, a primeira parte do funeral do Super-Homem sacia a curiosidade para saber do desfecho imediato de sua morte, mas mostra que a saga está bem longe de terminar e deixará cicatrizes muito mais profundas nos próximos anos do que se pode imaginar.

 

Classificação:

4,0

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