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SUPERMAN # 109

1 dezembro 2012

SUPERMAN # 109

Editora: Panini Comics - Revista mensal

Autores: Solo - Parte dois (Superman # 702) - J. Michael Straczynski (roteiro), Eddy Barrows (desenho), J.P. Mayer (arte-final) e Rod Reis (cores);

Solo - Parte três (Superman # 703) - J. Michael Straczynski (roteiro), Eddy Barrows (desenho), J.P. Mayer (arte-final) e Rod Reis (cores);

Solo - Parte quatro (Superman # 705) - J. Michael Straczynski (roteiro), Wellington Dias e Eddy Barrows (desenho), J.P. Mayer com Eber Ferreira (arte-final) e Rod Reis (cores).

Preço: R$ 6,50

Número de páginas: 72

Data de lançamento:Dezembro de 2005

 

Sinopse

Mais três capítulos de Solo, em que o Superman continua sua caminhada pelos Estados Unidos e enfrenta problemas de pessoas comuns. Aqui, ele cruza seu caminho com uma família de alienígenas escondidos no país, tem suas ações questionadas por Batman, destrói uma cidade ao confrontar um homem superpoderoso e ajuda um garoto vítima de violência familiar.

Positivo/Negativo

Para escrever uma boa trama do Superman, é necessário, além de boa fluência narrativa e domínio estrutural de uma história, um bom entendimento sobre a personalidade do herói e consistência com o que se apresenta em outras aventuras.

J. Michael Straczynski já mostrou que sabe como conduzir uma aventura em quadrinhos de super-heróis, mas parece não entender muito bem o herói e universo em que ele está inserido.

Com mais três partes publicadas nesta edição, Solo mostra-se uma saga cheia de equívocos e situações constrangedoras, desperdiçando o potencial de colocar o herói de Krypton para lidar com problemas do homem comum. Desde a cena em que ele aparece na rua jogando basquete, fica evidente o despreparo do autor. Assim como na primeira edição, Straczynski usa o personagem para expressar suas visões políticas, desta vez sobre imigração ilegal nos Estados Unidos.

É preciso deixar claro que a intenção de tirar o Superman de sua zona de conforto para colocá-lo resolvendo problemas menores não é ruim. Questões sociais sempre renderam boas aventuras de super-heróis, desde os tempos dos criadores Jerry Siegel e Joe Shuster. Autores como Elliot S! Maggin e Dan Jurgens também se destacaram com esse tipo de história, e a mudança de direção seria esperada após a interminável saga do Novo Krypton.

O problema aqui são: a premissa absurda de Solo e as caracterizações equivocadas dos personagens. Com anos de experiência defendendo a humanidade, é de se estranhar que o Superman fosse largar tudo e sair caminhando pelos EUA ao ser confrontado com o caso de uma morte por câncer. Mas suponha que o leitor decidisse relevar isso em prol da leitura de uma boa história. O que ele encontra no decorrer da narrativa não é mais animador, infelizmente.

O roteirista de diz um apaixonado pelo Homem de Aço, e sempre sonhou em escrever suas aventuras. Nos últimos tempos, seu nome sempre foi bem cotado para assumir o personagem. Porém, ao contrário dos aclamados Mark Waid e Grant Morrison, J. Michael Straczynski apresenta uma visão do herói tão única quanto amorfa.

O seu Superman é um homem sem confiança em si mesmo, distante de um ideal heroico maior e que falha em se reconectar à humanidade. E não por sua herança kryptoniana. Ele simplesmente aparece vazio e sem vida.

As mancadas continuam a surgir quando o Batman Dick Grayson questiona a atitude do Superman, não pela aparente depressão do herói, mas por sua tentativa de resolver problemas pequenos. Aparentemente, não é apenas o último filho de Krypton que o autor entendeu errado, foi todo o conceito fantástico dos super-heróis da DC.

O único ponto redentor nessas aventuras é que Straczynski sabe como estruturar uma história e consegue algum nível de suspense. Assim, ignorados todos os erros conceituais de Solo, é até possível apreciar a leitura. Mas é pouco para a saga que prometia devolver o maior herói de todos os tempos às suas raízes.

O brasileiro Eddy Barrows se vira como pode na arte, e o resultado é satisfatório. Sob seu traço, Superman tem a dignidade que falta ao texto. Já Wellington Dias completa o desastre da edição, aparentando desenhar sem nenhum esmero.

Fica o consolo de saber que as histórias de J. Michael Straczynski terminam aqui, já que ele se afastou do título, supostamente, para se dedicar a outro projeto com Superman: a série de graphic novels Earth One. Fica a esperança de que seu substituto, Chris Roberson, se saia melhor.

Classificação:

4,0

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