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SUPERMAN IV - THE QUEST FOR PEACE

1 dezembro 2006


Título: SUPERMAN IV - THE QUEST FOR PEACE (DC Comics) - Edição especial

Autores: Bob Rozaskis (roteiro) e Curt Swan, Don Heck, Frank McLaughlin, Al Vey, John Bearrty e Dick Giordano (desenhos).

Preço: US$ 2,00

Número de páginas: 64

Data de lançamento: Junho de 1994

Sinopse: Tocado pela carta de um jovem estudante, Superman resolve tomar uma ação sem precedentes em sua carreira e intervir na corrida armamentista para eliminar as armas nucleares do mundo.

Paralelamente, seu grande inimigo Lex Luthor foge da cadeia com a ajuda de um sobrinho e desenvolve outro desafio para o Homem de Aço, ao criar um ser sintético usando como base seu o DNA kryptoniano.

Sua personalidade de Clark Kent ainda passa por problemas no Planeta Diário, com a iminência de sua venda e a entrada em cena da bela Lacy, que parece ignorar completamente o Superman enquanto se apaixona pelo tímido repórter.

Positivo/Negativo: Em 1987, aportou nos cinemas do mundo uma das piores adaptações de quadrinhos já feitas. Superman IV - Em Busca da Paz foi produzido a toque de caixa, com orçamento mínimo pela produtora picareta Cannon, após ela ter conseguido os direitos da franquia cinematográfica com os produtores Ilya e Alexander Salkind.

Surpreendentemente, eles conseguiram reunir o elenco original dos dois primeiros filmes. Christopher Reeve só topou porque fez parte da direção (coordenou algumas cenas) e pelo direito de dirigir um filme próprio.

A premissa era até interessante, ao envolver o herói na guerra fria e
mostrar uma posição mais decisiva na política mundial ao buscar desarmar
tanto os Estados Unidos quanto a União Soviética. Ainda assim, uma trama
mal-polida, atuações variando entre desmotivadas e péssimas e efeitos
especais desastrosos tornaram este capítulo ainda mais vergonhoso para
o personagem do que Superman III
havia sido alguns anos antes.
A grande ironia é que, num caso bastante raro nesse tipo de publicação, a quadrinização da DC - adaptando a história de Christopher Reeve, Lawrence Konner e Mark Rosenthal - sai-se melhor que o filme e não apenas isso, ela o "explica". Isso porque, depois de sessões de testes, nas quais o longa foi pessimamente recebido, o diretor Sidney Furie praticamente mutilou seu trabalho ao extrair 50 minutos da película! Toda a trama foi rearranjada e reconstruída na sala de edição com resultados bizarros.

A adaptação roteirizada por Bon Rozaskis mostra como o script original de Superman IV era e como as cenas eram igualmente organizadas. O mérito da revista é fazer um pequeno resgate desta página negra na carreira de Reeve como Superman e mostrar que, originalmente, o longa poderia até ter funcionado (era melhor que o terrível Superman III), caso houvesse mais dinheiro e qualidade no profissionalismo envolvido na produção.

Um dos exemplos mais interessantes disto é o personagem do Homem Nuclear, o grande adversário do herói. Na história original, havia não um como no cinema, mas dois deles.

O primeiro criado por Luthor parece-se incrivelmente com o Bizarro, apesar de nunca ser chamado assim, e o encontro dele com o Superman lembra bastante o primeiro confronto com a "criatura bizarra" durante a reformulação de John Byrne, em 1986.

Infelizmente, toda a seqüência envolvendo o Homem Nuclear I foi removida do filme. Já o Homem Nuclear II, sem a péssima "atuação" de Mark Pillow, é bem mais digerível.

Uma curiosidade: em uma das cenas mais ridículas da produção (entre tantas), o Homem Nuclear II "nasce" saindo do Sol já vestido, mas aqui Rozaskis e sua equipe têm a sensibilidade de ao menos poupar o leitor desse absurdo, fazendo-o aparecer inicialmente despido e ter ser uniforme oferecido por Luthor.

A trama também é rearranjada à sua forma original e mostra que, num período em que adaptações de quadrinhos para o cinema eram escassas e geralmente ridículas e infantilóides (com raras exceções, como os dois primeiros Superman), Superman IV teria sido até pioneiro em abordar questões mais sérias nesse tipo de filme e trazer uma mensagem realmente autêntica de paz e tolerância internacional.

Afinal, foi produzido em 1987, uma época em que o planeta ainda era assolado pela corrida armamentista entre EUA e URSS. Da metade para o fim, todo o foco antibelicista é esquecido, pois foi igualmente deletado. Mas na HQ são mostradas cenas do verdadeiro final do roteiro, com o herói fazendo um belo discurso na ONU e sobrevoando o mundo com o menino Jeremy, que lhe endereçou a carta pedindo por sua intervenção no desarmamento mundial.

E o garoto observa que, lá de cima, "não consegue ver as linhas dividindo as fronteiras dos países, é tudo um mundo só". Uma tocante observação.

Ainda assim, é importante salientar que, apesar das boas idéias, o roteiro original era realmente ruim, com seqüências e subtramas completamente desnecessárias (como a venda do Planeta Diário) e personagens dispensáveis (como o "sobrinho" de Luthor, vivido pelo comediante John Cyer, do seriado Two and a Half Men em começo de carreira).

O papel do garoto é bastante minimizado na revista, mas ele ainda está lá. O próprio Homem Nuclear (II) é bastante pobre como vilão e oferece nada além de troco de socos com o Superman. Já Luthor é mostrado de forma um pouco mais ameaçadora do que no filme, no qual divide a cena cômica com Cryer.

A arte foi feita em grande parte por Curt Swan, com algumas páginas de Frank McLaughlin e John Beatty, com as tintas de Don Heck, Al Vey e Dick Giordano. Todos os artistas, curiosamente, não buscaram retratar fisionomias dos atores.

Swan imprime seu ritmo às lutas do Superman e suas cenas de vôo. Apesar de toda beleza de seu traço, era inegável que sua arte por vezes era bastante repetitiva.

Já McLaughlin é bastante irregular: variando de páginas visivelmente feitas às pressas, para algumas bem desenvolvidas. É uma triste "quebra" na unidade visual da aventura, principalmente porque lhe é dada a parte mais tediosa do filme: o primeiro confronto com o vilão e o "encontro duplo" de Clark/Superman com Lacy/Lois.

A capa foi assinada por Jerry Ordway e, apesar de bonita, é bastante genérica e sem emoção, mostrando um "embate" com a bandeira americana ao fundo e cenas do filme. O desenhista, sem dúvida, teria feito um trabalho mais interessante na adaptação em si, como fez em Batman - O Filme, em 1989.

Superman IV - The Quest for Peace não mereceu da DC um tratamento caprichado, seguindo a linha das quadrinizações da época. O único diferencial é um maior número de páginas, mas não há fotos do filme, dos atores, notas de introdução, nada...

A revista nunca foi lançada no Brasil. Curiosamente, a Abril não se interessou em colocá-la nas bancas na época e os fãs brasileiros ficaram sem a chance de ver a interessante publicação que serviu até de "guia" nos EUA para se entender realmente o filme e ter um triste vislumbre do que ele deveria ter sido.

 

Classificação:

4,0

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