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SUPERPOWERS # 21

1 dezembro 2006


Título: SUPERPOWERS # 21 (Editora Abril) - Revista trimestral

Autores: Alan Moore (roteiro), Dave Gibbons, George Pérez, Curt Swan e Kurt Schaffenberger (arte).

Preço: Cr$ 300,00 (preço da época)

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Maio de 1991

Sinopse: Em dois momentos clássicos escritos por Alan Moore, o leitor presencia o Super-Homem numa batalha feroz contra Mongul e, logo a seguir, sua última aventura.

Positivo/Negativo: Para o homem que tem tudo (originalmente publicada em Superman Annual # 11, de 1985) é a primeira história da edição. Enredo consistente e diálogos precisos acrescidos de ação vertiginosa e de uma excelente narração são o resumo deste thriller de pouco mais de 40 páginas assinado por Alan Moore e Dave Gibbons.

É aniversário do Super-Homem, e o que seria uma festa vira um pesadelo para seus convidados Batman, Robin e Mulher-Maravilha. Somente para eles, já que Kal-El está confinado em sua mente, tendo seu maior desejo realizado.

Isso devido a uma espécie de planta parasita de nome Clemência Negra, enviada por Mongul.

Enquanto o Super leva uma vida satisfatória e ilusória em Krypton - que, contra os prognósticos de seu pai Jor-El, não foi destruído -, seus amigos precisam enfrentar o terrível vilão numa batalha sanguinária.

Um adendo: vale a pena notar que este maior desejo é praticamente idêntico à conclusão da trama que vem a seguir.

Recentemente a história foi levada à televisão no desenho animado Liga da Justiça: Sem Limites.

Pode-se dizer sem medo que essas seqüências foram adaptadas com tamanha mestria, que superam e muito os já ótimos desenhos de Dave Gibbons.

Claro que alguns detalhes foram omitidos, como a participação do Robin/Jason Todd (por sinal, vital na HQ) ou mesmo a conclusão que mostra qual é o maior desejo de Mongul, mas não é nada que prejudique o âmago do roteiro.

Com o fim de uma era chegando graças à reformulação pretendida pela DC Comics com Crise nas Infinitas Terras, foi oferecido a Moore a oportunidade de fazer a derradeira aventura do herói em O que aconteceu com o Homem de Aço?.

Imagine o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller sem toda a pompa e circunstância (vale lembrar que ambas as tramas se passam dez anos após a "aposentadoria" dos heróis) e terá uma pequena idéia do que o roteirista faz aqui.

Em vez de uma minissérie luxuosa, um enredo aparentemente banal dividido em duas partes nas revistas mensais do personagem, Superman # 423 e Action Comics # 583. Ambas de 1986.

Para completar, os artistas envolvidos são George Pérez, Curt Swan e Kurt Schaffenberger.

Pérez era o grande astro da editora na época, com seus Novos Titãs e a própria Crise (ambos com o roteirista Marv Wolfman) ainda ecoando alto, além do seu iminente projeto para revitalizar a Mulher-Maravilha.

Já Swan e Schaffenberger eram verdadeiros baluartes dos quadrinhos, sendo o primeiro considerado o desenhista definitivo do Super-Homem, e o segundo o de Lois Lane, a eterna namorada do herói.

Com um time dos sonhos reunido, Alan Moore dispensa subterfúgios e joga todos os inimigos do Homem do Amanhã contra ele.

Bizarro, Mestre dos Brinquedos, Galhofeiro, Lex Luthor, Brainiac, Metallo, Legião dos Super-Vilões (Mulher de Saturno, Senhor do Relâmpago e Rei Cósmico), Homem-Kryptonita e Mxyzptlk dão as caras.

Individualmente ou em grupo, eles são impiedosos. Fazem com que Clark perca tudo aquilo que preza, a começar por sua identidade secreta. Isto irá colocar seus mais caros amigos em perigo.

Lois Lane, Jimmy Olsen, Lana Lang, Pete Ross, Perry e Alice White são protegidos pessoalmente pelo herói.

Ainda haverá tempo para o sacrifício de Krypto, para a aparição da Legião de Super-Heróis e para irrisórias participações de Batman, Robin, Mulher-Maravilha, Arqueiro Verde, Gavião Negro, Caçador de Marte e Capitão Marvel.

Ao final, a revelação do mentor de todo o estratagema é surpreendente e, ainda assim, bem menos instigante do que tudo aquilo que o conduz até aquele instante.

O roteiro de Moore é tão simples e eloqüente, que até em pequenos detalhes é possível perceber sua excelência.

Por exemplo, na página 90, pouco antes do Super-Homem dar um fim definitivo ao principal vilão, ao fundo é mostrada a prisão da Zona Fantasma. Nela estão três criminosos kryptonianos capturados por ele em outra ocasião.

Poucos anos depois, em sua última participação na revista do personagem, John Byrne utilizaria os mesmos criminosos (em essência) para pôr fim ao maior, e talvez mais precioso dogma do Homem de Aço. Ele o faz matar os três a sangue-frio.

Com todo respeito ao enorme ego de Byrne, a coincidência é evidente, ainda que a qualidade dos trabalhos seja diametralmente oposta.

Alan Moore conseguiu dar ao Super-Homem momentos que certamente figuram entre os melhores de sua trajetória. Resta a torcida para que algum dia ele retorne para recomeçar o que tão bem terminou.

 

Classificação:

4,0

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