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THE AGES OF SUPERMAN - ESSAYS ON THE MAN OF STEEL IN CHANGING TIMES

1 dezembro 2012

THE AGES OF SUPERMAN - ESSAYS ON THE MAN OF STEEL IN CHANGING TIMES

Editora: McFarland - Livro teórico

Autor: Joseph J. Dorowski (editor).

Preço: US$ 40,00

Número de páginas: 248

Data de lançamento: Janeiro de 2012

 

Sinopse

Coletânea de artigos sobre o Superman em diferentes fases de sua trajetória editorial.

Positivo/Negativo

Poucos super-heróis mudaram e evoluíram tanto ao longo dos anos como o Superman. Desde sua criação, por Jerry Siegel e Joe Shuster, em 1938, o último filho de Krypton passou de vigilante com preocupações sociais a patriota norte-americano e figura paterna, chegando ao posto de redentor do mundo, capaz de mover planetas.

O livro The Ages of Superman - Essays on The Man of Steel in Changing Times apresenta 18 artigos sobre o personagem e suas diferentes caracterizações ao longo dos tempos, sempre contextualizando suas aventuras em relação a eventos marcantes da História norte-americana e mundial.

O resultado é uma publicação única em sua proposta e execução, com reflexões interessantes para fãs do herói, estudiosos do fenômeno da comunicação de massa e qualquer um que queira saber mais sobre o relacionamento das histórias em quadrinhos com a sociedade contemporânea.

Como de costume em coletâneas assinadas por diversos autores, o nível dos artigos varia muito. Enquanto alguns demonstram questionamentos aprofundados sobre as ideologias dos roteiristas em tempos passados, outros apenas recapitulam histórias de sucesso do Superman. Em todos os casos, contudo, é notável como o personagem foi bem pesquisado, e até o leitor mais devotado vai aprender algo sobre ele.

Os temas variam do ódio racial contra japoneses durante a Segunda Guerra Mundial e das tensões da Guerra Fria na década de 1950 até a recente caminhada do Homem de Aço pela América, no controverso arco de histórias Solo, idealizado pelo roteirista J. Michael Straczynski.

A não menos polêmica história em que o kryptoniano renuncia à cidadania norte-americana também é lembrada, assim como a Saga do Homem de Areia, que se propôs a redefinir o papel do Superman na década de 1970, e, óbvio, morte e retorno do herói na saga arrasa-quarteirão dos anos 1990.

Um dos artigos mais reveladores é Truth, Justice and the American Way in Franco´s Spain, no qual Louie Dean Valencia-García aborda a questão da influência do Homem de Aço na Espanha durante três décadas. Vivendo numa ditadura com restrições políticas e culturais, o povo daquele país teve na figura do Superman uma fonte de rebeldia e contestação.

É curioso notar como um dos períodos considerados mais conservadores dos quadrinhos conseguiu um papel tão inusitado no país, chegando a ser proibido pelas autoridades locais, mas resistindo mesmo ilegalmente.

Já os artigos de Thomas C. Donaldson e Christopher B. Zeichmann investem nos temas do feminismo e da presença de afro-americanos das tramas do Superman das décadas de 1960 e 1970, com destaque para o conto em que Lois Lane é transformada numa mulher negra, por um dia.

Apesar de focado principalmente no Homem de Aço das HQs, as animações, seriados televisivos e produções cinematográficas também são lembrados. Mas o melhor mesmo são os artigos que oferecem perspectivas novas para histórias já conhecidas, motivando o apreciador do personagem ao processo de releitura. É o caso de Red, White and Bruised: The Vietnam War and The Weakening of Superman, de Jason M. Latouche, e The Struggle Within: Superman's Difficult Transition into the Age of Relevance, de Paul R. Kohl, ambos sobre a fase assinada por Denny O'Neil, em que o super-herói teve o nível de poder reduzido e passou a duvidar de seu papel no mundo.

Para quem lembra com saudade da reformulação mais radical empreendida por John Byrne a partir de 1986, Jack Teiwes mostra um painel das reações da grande imprensa ao anúncio das mudanças, quase todas bastante negativas, ressaltando como Clark Kent seria transformado num frágil e sensível yuppie dos novos tempos.

Duas ausências sentidas nas discussões são a da execução dos três assassinos kryptonianos, numa história do próprio Byrne, a o caso de Lex Luthor na presidência dos Estados Unidos, idealizado por Jeph Loeb. Mas nada que apague o brilho da publicação.

 

Classificação:

4,0

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