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THE PUNISHER – THE CELL

22 setembro 2009


Autores: Garth Ennis (roteiro), Lewis Larosa (desenhos), Scott Koblish (arte-final) e Raul Trevino (cores).

Preço: $ 4,99

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Julho de 2005

Sinopse: Frank Castle entrega-se às autoridades e é enviado à prisão da ilha Ryker - local que abriga uma escória de assassinos, estupradores, gângsteres, traficantes e mafiosos da costa leste norte-americana.

Após confessar seus crimes voluntariamente e ser levado para a penitenciária, o Justiceiro dá início a um plano no qual um forte desejo de vingança, acumulado há anos, pode finalmente ser posto em ação.

E não há nada que o impedirá de executar seu objetivo.

Positivo/Negativo: O panorama contemporâneo do mercado de quadrinhos vem exigindo gradualmente uma ferrenha condição: que os argumentos e roteiros sejam os mais plausíveis possíveis - em outras palavras, histórias realistas ao máximo.

No gênero dos super-heróis, esse fator tem rendido algumas boas obras. Mas, vale lembrar, este mesmo "realismo" não encontra a química certa em outras narrativas, quando fantasia se une à realidade e gera um conto insosso e sem nenhuma atratividade.

No entanto, quando esta mesma condição realista encontra espaço para render frutos em outros gêneros, como HQs policiais, é quase certo a garantia de qualidade. E Punisher - The Cell é um excelente exemplo, pois é uma daquelas insólitas ilhas de qualidade gráfica e textual acima dos padrões dos comics atuais.

Derivada da série Punisher Max, juntamente com os outros três especiais (a minissérie Born e as edições The Tyger e The End), The Cell completa este quarteto que foi elaborado justamente para delinear melhor o caráter psicótico e terrivelmente desequilibrado de Castle, seguindo várias etapas da sua vida. E mostra que a sanha assassina e justiceira do personagem é (muito) anterior ao assassinato de sua família.

"A Cela", em tradução literal e como fora publicada aqui na edição Justiceiro Anual # 1, pela Panini, já prende o leitor logo nas três primeiras páginas, nas quais um prólogo extremamente bem escrito lança as pistas iniciais da trama.

A partir daí, o leitor acompanha o anti-herói como apenas mais um detento a encorpar um sistema carcerário podre e completamente sem regras, em que a lei do mais forte (e mais influente) prevalece.

Se o leitor for mais atento, poderá matar a charada da narrativa logo pela metade e descobrir o porquê de Frank Castle estar trancafiado em meio ao tipo de gente que mataria com prazer. Para quem foi até o fim já com a solução do mistério e prosseguiu até o clímax, é muito difícil não parar por um momento e pensar "desta vez, Ennis se superou".

Quando Garth Ennis assumiu os roteiros do Justiceiro, em 2000, iniciou uma era de oito anos no comando do título, revezando apenas algumas edições com outros escritores. Após quatro anos escrevendo para o selo Marvel Knights, vem o auge da cronologia de Frank Castle, com a uma nova série pelo selo adulto Max, com contos irrestritos e liberdade total para se criar até onde a imaginação puder alcançar.

E quando se fala de Ennis, um dos mais prolíficos e polêmicos roteiristas dos últimos anos, isso é algo que certamente ele faz com louvor. Cada quadro, cada diálogo, cada movimento de Castle dentro da prisão cumpre um plano macabramente bem elaborado, visando encontrar os cinco mafiosos.

Se o roteiro já é magistral, a arte escura e sórdida de Lewis Larosa - graças, em grande parte, ao ótimo trabalho em conjunto da arte-final de Scott Koblish com as cores de Raul Trevino - contribui para mostrar o clima de incerteza e tensão constantes dentro e fora das celas, com excelente uso da anatomia dos personagens em antítese com as sombras.

Com a saída de Ennis do título, a partir da edição # 60, só resta aguardar se seus substitutos farão jus ao encargo e manterão, ao menos, parte da qualidade demonstrada pelo escritor irlandês e que futuros especiais, como The Cell, se façam mais e mais presentes na insana jornada sem fim do Justiceiro.

Esta é, sem dúvida, uma das melhores histórias em quadrinhos do anti-herói já produzida.

 

Classificação:

4,0

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