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Thermæ Romæ # 3

6 junho 2014

Thermæ Romæ # 3Editora: JBC – Série mensal em seis edições

Autora: Mari Yamazaki (roteiro e desenhos) – Originalmente publicado em Terumæ Romæ (Tradução de Drik Sada).

Preço: R$ 19,90

Número de páginas: 200

Data de lançamento: Novembro de 2013

Sinopse

Roma, 137 d.C. Não há mais quem não conheça o arquiteto Lucius Modestus e suas casas de banho, inclusive, pessoas muito perigosas. O sucesso das suas obras acabou contribuindo diretamente para a boa imagem do império de Adriano e os anciões do Senado não estão gostando nada disso.

Agora, para que o povo não continue a se admirar pelo trabalho de Lucius, e consequentemente o imperador, o Senado pretende eliminar de vez o arquiteto viajante do tempo.

Positivo/Negativo

Chegando à metade do caminho, a série Thermæ Romæ ainda garante a atenção e novidades em relação aos banhos termais e viagens no tempo de Lucius para a época dos “Caras Achatadas”.

Depois de evidenciar a vida familiar do protagonista, desta vez as tramas paralelas acentuam as conspirações dentro do Senado em virtude do escolhido na sucessão do comando de Roma.

Para abalar a popularidade do Imperador, o arquiteto é mandado para construir uma casa termal em uma inóspita região interiorana, povoada por bandoleiros.

Novamente, Mari Yamazaki brinca com o exercício temporal de a contemporaneidade interferir no passado, sempre de forma leve e bem-humorada.

Como já foi defendido na resenha do volume anterior, o leitor não habituado com a narrativa repetitiva oriental de estabelecer situações como um modelo a se seguir pode se cansar ou até estranhar.

A autora coloca o personagem enfrentado um problema e sempre causa uma queda acidental em uma terma para “emergir” através do tempo e espaço onde se encontra uma solução. O mais interessante não é a estrutura, mas as novas camadas sobre o assunto.

Nesta edição, a sensação de impotência de Lucius frente à genialidade do desconhecido povo japonês é invertida. Em uma das situações do futuro, um proprietário de gosto duvidoso contrata um jovem arquiteto para transformar uma decadente hospedaria em um spa moderno, mas baseado nas casas de banho em estilo romano.

Além de ampliar os conhecimentos sobre os deuses romanos, o leitor também é apresentado a outra casta social da época do Império: os liberti, ex-escravos que enriqueceram ao se emancipar ou alforriar.

Como é bem lembrado no texto da quadrinhista no final do capítulo, o modo extravagante e sem noção de vida desses “novos ricos” lembra imediatamente o clássico italiano da Sétima Arte, Satyricon (1969), dirigido por Federico Fellini e baseado no livro homônimo escrito por Petrônio no Século 1.

Outro aspecto bem explorado pela cultura nipônica presente no volume é a apreciação culinária, o que já rendeu um ótimo mangá, Gourmet (lançado aqui pela Conrad), escrito por Masayuki Kusumi e ilustrado por Jiro Taniguchi. Atiça tanto a curiosidade gastronômica do viajante quanto a do leitor.

Deixando um gancho para o próximo volume, Yamazaki continua dando forma aos conflitos paralelos. Desta vez, é com o sucessor de Adriano, Élio César.

A bela capa é inspirada parcialmente na escultura Laocoonte e seus filhos, que se encontra no Museu do Vaticano. Laocoonte era um sacerdote que tentou convencer seus concidadãos a queimarem o Cavalo de Troia. Ele chegou a jogar uma lança e, subitamente, foi acometido de cegueira, enquanto continuava tentando persuadir seus irmãos. Então, os deuses gregos convocaram serpentes marinhas para devorá-lo junto com seus dois filhos.

A JBC continua com um trabalho acima da média em seus mangás de linha, com direito a orelhas, aplique de verniz, papel offset de boa gramatura e impressão competente.

Um atrativo extra é o excelente posfácio assinado pela tradutora Drik Sada, que analisa a obra, as particularidades da autora (que tem uma ligação com o Brasil) e a função do tradutor, que vai muito além de meramente passar (neste caso) o texto do japonês para o português.

Um ponto bastante louvável da editora para se ter uma noção mais ampla do papel desse profissional nem sempre lembrado em uma leitura tão prazerosa quanto esta.

Classificação

4,0

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