Em tempos ecologicamente corretos, foi uma grande sacada da Formato trazer de volta o pequeno Tibica, defensor árduo da natureza, que, na verdade, é apenas mais uma testemunha indignada da destruição da fauna e da flora, pois pouco pode fazer.

O próprio Canini, nas páginas finais do livro, considera Tibica o principal trabalho de sua vida. "Bem mais importante que as cento e poucas histórias que desenhei do Zé Carioca", diz.

E o personagem é mesmo muito bom. Tem sacadas excelentes, especialmente porque o tema, mais de 30 anos depois de sua estreia, no projeto Tiras da Editora Abril, em 1978, continua atualíssimo, como comprovam os noticiários diários.

No entanto, a sensação ao terminar o álbum é que Tibica - O defensor da ecologia poderia render mais. Há, sim, tiras e cartuns excelentes, mas também estão espalhadas pelas páginas ilustrações em que o leitor certamente vai ficar procurando uma piada e não encontrará. Porque são, efetivamente, só desenhos. E isso destoa do restante da obra.

Canini, um autêntico mestre da síntese, explora (com poucas palavras e traços) o tema da defesa da natureza. E, mesmo com a repetição de diversas imagens (como árvores cortadas ou corações talhados nos troncos), consegue fazer piadas diferentes, graças ao seu texto afiado.

O livro tem boa impressão e um preço atrativo. Editorialmente, o trabalho foi competente, com apenas dois vacilos: o nome da jornalista que prefacia o álbum é Mery Weiss, e não Mary, como saiu justamente no texto em que ela apresenta a obra; e, no alto da página 38, o texto do cartum ficou escondido sob o desenho.

O resgate desse material de Renato Canini, mesmo não mostrando neste álbum todo o seu potencial, merece comemoração. Que Tibica outras chances para provar por que se tornou um clássico do quadrinho nacional.