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Trillium

28 novembro 2014

TrilliumEditora: DC / Vertigo - Edição especial

Autor: Jeff Lemire (roteiro e arte) – Originalmente publicado em Trillium # 1 a # 8.

Preço: US$ 12,99

Número de páginas: 208

Data de lançamento: Agosto de 2014

Sinopse

No ano 3797, a botânica Nika Temsmith trabalha com pesquisa de espécies incomuns numa remota estação espacial na área mais afastada do espaço colonizado. Enquanto isso, em 1921, o renomado explorador inglês William Pike lidera a expedição nas florestas do Peru em busca de um templo perdido dos Incas. Ainda que estejam tão distantes um do outro, eles irão se encontrar.

Positivo/Negativo

Trillium é um material tão estranho, confuso e perplexo, que ele “persegue” o leitor.

Como as produções de David Lynch ou os textos de Ray Bradburry são coisas que voltam quando menos se espera e provocam epifanias polvorosas conforme o leitor percebe que já vira algo que elucidava ou remetia a tal questão em algum lugar.

E como os autores citados no parágrafo anterior, não adianta querer absorver tudo que existe ou pode existir na HQ de uma única tacada. É preciso degustar, atacar pelas beiradas e tomar seu tempo.

Talvez reler uma, duas vezes antes de decidir se entendeu de fato.

Talvez esperar mais alguns anos para decidir se realmente entendeu.

Trillium é assim.

Belamente caótica, brilhantemente confusa.

É Jeff Lemire em sua melhor forma. Com certeza, um material obrigatório para todo leitor que goste de ficção científica de boa qualidade.

É importante destacar, porém, que a arte de Lemire causa estranhamento. Sem dúvida, não é linda e bem definida como algo feito por outros artistas (como o belíssimo traço de Matteo Scalera em Black Science, também focando na ficção científica), mas isso está longe de diminuir a qualidade do trabalho.

De fato, é um traço mais feio (inclusive que em outros dos trabalhos do próprio autor, que se vira melhor com cenários mais intimistas e perspectivas familiares). Ainda assim, Lemire compensa – e muito –  com seu roteiro coeso e bem definido. E, como em outros de seus trabalhos autorais, faz o melhor uso possível de seu estilo artístico.

Lemire, como lhe é comum, faz algo intimista e projeta numa grandiloquente e fantástica aventura o espaço, para desafiar uma poderosa reflexão sobre a vida e a sociedade.

Classificação

4,5

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