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Turma da Mônica – Clássicos do Cinema – Coelhada nas Estrelas

26 dezembro 2017

Turma da Mônica – Clássicos do Cinema – Coelhada nas EstrelasEditora: Panini Comics – Edição especial

Autores: Flávio Teixeira de Jesus (roteiro) e Julio Sergio Mauricio e Roberto Martins Pereira (desenhos).

Preço: R$ 38,90

Número de páginas: 144

Data de lançamento: Novembro de 2017

Sinopse

A princesa Moniqueia é capturada pelo vilão Dart Feio, mas consegue enviar robôs para buscar a ajuda de Fran-Jinha Kenobi, um mestre jedito.

Mas os androides vão parar nas mãos de Cascão Caióqui, que vai embarcar em uma grande aventura para salvá-la.

Positivo/Negativo

A paródia Coelhada nas Estrelas original é uma das melhores já protagonizadas pela Turma da Mônica. Seu lançamento original aconteceu no Gibizão da Turma da Mônica # 8, da Editora Globo, em 1997, ano em que Guerra nas Estrelas (ainda não rebatizado como Star Wars – Uma Nova Esperança) completava duas décadas e tinha sido relançado nos cinemas.

Agora, o relançamento em capa dura da coleção Turma da Mônica – Clássicos do Cinema reúne as três paródias da trilogia original. É o terceiro volume da coleção que republica sátiras estreladas pelos personagens de Mauricio de Sousa.

Todos os principais elementos dos filmes são homenageados, deixando evidente o carinho pelo universo criado por George Lucas, com as três tramas seguidas passo a passo.

A isso soma-se, na Coelhada nas Estrelas original, a ótima narrativa, que subverte com vigor os enquadramentos “certinhos” das revistas tradicionais dos personagens. Em parceria com o roteiro, os desenhos de Julio Sergio Mauricio aproveitam muito bem essa liberdade: são expressivos, movimentados, buscam ângulos criativos e, muitas vezes, criam “tempos” diferentes no mesmo requadro, sem divisão entre eles.

Um bom exemplo disso se passa na cena em que Fran se separa dos outros personagens, já dentro do Emporcalhador de Marte (versão da Estrela da Morte). A sequência se passa em uma ponte: em uma das pontas, mais distante do leitor, Fran diz novos ensinamentos ao Cascão; na outra, mais próxima, já temos Fran correndo em primeiro plano, com os demais personagens ficando para trás.

A “divisão” entre os dois momentos fica por conta de Cebolinha e Flobaca, no meio da ponte, em poses que podem fazer parte tanto de um momento quanto do outro.

A partir de ideias como esta, cada página possui uma programação visual dinâmica e criativa, um pouco como Mônica e Cebolinha no Mundo de Romeu e Julieta havia apresentado quase 20 anos antes, e Batmenino Eternamente resgatou no próprio Gibizão, em 1995.

Um quadro, em especial, merece uma atenção destacada do leitor. Nele, estão juntos quase 20 robôs de outros filmes e séries, um desafio para identificar quem é quem e uma brincadeira de referências pop que voltaria a se repetir em outras paródias da Turminha.

Os personagens de Mauricio “interpretam” as versões parodiadas do filme. Cascão faz as vezes de Luke Skywalker (Cascão Caióqui), Mônica é a Princesa Leia (Moniqueia) e Cebolinha, Han Solo (Cebolinha Solo). É o elenco natural de protagonistas, mas alguns são um verdadeiro achado, principalmente Floquinho como Chewbacca (Flobaca). Por outro lado, Magali e Nimbus como os robôs C-3PO e R2-D2 não comprometem, mas não chegam a brilhar.

Na história, o roteirista Flávio Teixeira de Jesus desfila seu arsenal de trocadilhos, sem medo de ser infame. Assim, os jedi viram “jeditos” (que, além dos poderes que já aparecem no filme, disparam ditados populares a todo momento) e o gângster espacial Jabba, the Hutt, vira o Jaca.

Levou mais de dez anos para que as continuações viessem. Primeiro, a própria Coelhada nas Estrelas foi republicada em Clássicos do Cinema – Turma da Mônica # 4, em 2007, agora um título periódico dedicado apenas às paródias cinematográficas com os personagens de Mauricio.

O título, além de republicações, abriu espaço para novas sátiras. Assim, em janeiro de 2008, no número 8, estreou O Feio Contra-Ataca, versão de O Império Contra-Ataca (1980), dirigido por Irvin Kershner. O Retorno de Jedito, paródia de O Retorno de Jedi, fecharia a trilogia no número 22, em 2010.

Também com roteiro de Flávio Teixeira de Jesus, mas agora desenhos de Roberto Martins Pereira, são sequências que mantêm boa parte do pique e possuem algumas ideias ótimas – como Yoda ser vivido pelo Horácio, o que faz sentido de mais de uma maneira, ou as citações inesperadas à história de origem do Capitão Feio, na recriação do momento mais icônico da segunda parte, e a Asterix, no final da terceira.

Visualmente, porém, as duas continuações perdem bastante. A distribuição visual das páginas está bem menos ousada em comparação a Coelhada nas Estrelas. As imagens estão quase sempre apertadas em limites quadrados e quadrinhos pequenos – a falta de espaço para artes maiores talvez denuncie uma certa dificuldade em sintetizar a trama.

Há extras, mas alguns acrescentam pouco. Caso da galeria de personagens ou de esboços. Ou uma seção para as primeiras páginas de cada HQ (qual o sentido, se elas já estão nas próprias histórias?). A melhor é a pequena parte que conta um pouco do processo de produção da história e algumas informações a respeito das publicações anteriores da primeira história e do número de ditados citados nas tramas.

A quase ausência de extras, possivelmente, é para não aumentar o número de páginas da edição, mas uma saída interessante foi encontrada no segundo volume dessa coleção de encadernados, Grandes Aventuras, que compilou Avaturma (Avatar), Tô na História (Toy Story) e Peraltas do Caribe (Piratas do Caribe): criou-se uma área no site da Turma da Mônica, com os vários easter eggs que Flavio Teixeira de Jesus espalhou pelas HQs.

Também é uma pena que os nomes dos autores estejam escondidos, constando apenas no expediente do álbum. Até porque as revistas mensais da Mauricio de Sousa Produções trazem esses créditos com certo destaque há algum tempo. A empresa não poderia desperdiçar a chance de apresentar devidamente os artistas.

Pior: o nome de Julio Sergio Mauricio, desenhista da primeira Coelhada nas Estrelas, não consta nem no expediente. Este, sim, um erro imperdoável.

Classificação:

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