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UNIVERSO DC ESPECIAL - COMEÇA A CRISE FINAL

22 setembro 2009


Autores: Grant Morrison, Geoff Johns (texto), George Pérez, Doug Mahnke, Ivan Reis, Aaron Lopresti, Philip Tan, Carlos Pacheco, (desenhos), Scott Kobush, Christian Alamy, Tony S. Daniel, Oclair Albert, Matt Ryan, Jeff de los Santos, Jesus Merino (arte-final), J.G. Jones, Ed Benes (desenhos e arte-final), Alex Sinclair, Tom Smith, David Baron (cores), Jotapê Martins e Fabiano Denardin (tradução). Publicado originalmente em DC Universe # 0.

Preço: R$ 4,50

Número de páginas: 32

Data de lançamento: Junho de 2009

Sinopse: Um narrador misterioso olha o Universo DC pelo lado de fora. Ele enxerga eventos antigos, como a Crise nas Infinitas Terras, e mais recentes, como a Crise Infinita. Vê também novos desafios para os super-heróis, como um ataque a Superman e à Legião dos Super-Heróis, um diálogo revelador entre Batman e Coringa e uma legião de soldados que ameaça a Mulher-Maravilha.

Mas, afinal, quem é esse narrador? E o que ele pretende?

Positivo/Negativo: Eis que, enfim, a Crise Final está prestes a começar.

A Crise Final, no caso, é uma minissérie interligada com outras dezenas de histórias. Esse é um modelo de negócios que, de tempos em tempos, as editoras norte-americanas promovem.

A intenção primordial, claro, é agitar o mercado e dar conta de vender as dezenas de revistas em que as histórias interligadas são publicadas.

Por isso, as editoras dizem que essas histórias são imperdíveis. Dizem que quem não ler nunca mais vai entender o que se passa nas outras revistas, porque, afinal de contas, tudo está interligado.

Claro que isso não é sempre verdade. A DC já disse que minisséries como Noite Final e Zero Hora seriam indispensáveis. Alguns anos se passaram e hoje está claro que todo mundo vive muito bem sem sequer lembrar qual o assunto que norteava Noite Final (o Sol apagava?) e Zero Hora (era essa que tinha desenhos fluorescentes?).

Às vezes, a história acaba sendo mesmo importante. Crise nas Infinitas Terras, a mãe de todas as Crises, é um exemplo. Mas isso é raro. O que importa é vender centenas de milhares de exemplares de dezenas de revistas e, com sorte, ganhar alguns milhões.

Na ânsia de ganhar seus milhões, a DC Comics vem fazendo evento em cima de evento, sempre com dezenas de revistas interligadas. E, no caso da Crise Final, se esmerou na multiplicação de títulos.

A Contagem Regressiva, por exemplo, durou um ano - 51 revistas semanais lá fora, uma série mensal em 13 partes aqui, mais de mil páginas nos dois casos. A DC também fez minisséries interligadas à Contagem - algumas publicadas aqui em Prelúdio para a Crise Final, outras em edições especiais, outras ainda nas revistas de linha.

Quase tudo - sem exagero - era muito, muito ruim. Ruim de doer. Ruim de dar dó da árvore que deu origem ao papel em que a revista foi impressa.

E eis que surge nas bancas este Universo DC Especial - Começa a Crise Final. O leitor, escaldado, é levado a crer que se trata de mais um caça-níqueis. A rima do título em português ("especial" com "final"? Faça-me o favor, Dona Panini) ajuda a piorar a imagem da revista.

Pobre Universo DC Especial - Começa a Crise Final!

É uma injustiça o que fazem com ele.

Apesar do versinho, Universo DC Especial - Começa a Crise Final veio salvar o leitor, coitado, que não aguenta mais ter ler tanta porcaria.

A revista não é exatamente o começo da Crise Final, e sim um prelúdio. Um prelúdio pra valer, apesar do Prelúdio publicado aqui há dez meses.

Grosso modo, o roteiro de Morrison (autor da Crise Final) e Johns (Crise Infinita) diz: "Contagem Regressiva e Prelúdio não fizeram nada pela Crise Final. Favor ignorar. O que importou até aqui foram as histórias de Superman, Batman, Mulher-Maravilha, LJA e Lanterna Verde. O resto foi perda de tempo. Desculpe. Foi mal".

A dupla ajeita a baderna que dominou a DC nos últimos meses e pontua o que, aparentemente, será importante de fato para o leitor curtir o que vem pela frente: Superman, as histórias que levam a Batman - Descanse em paz, A Guerra dos anéis e, pelo jeito, até o miserável O ataque das Amazonas (só pra mostrar que não é só HQ boa que sobra).

A história que resulta dessa arrumação da casa está longe de ser uma obra-prima, até porque faxina é faxina, e um Nureiev faxinando certamente não tem a desenvoltura de um Nureiev em O lago dos cisnes.

Mas, mesmo assim, tem boas sacadas: a conversa entre Batman e Coringa, a página dupla com as tropas de todos os espectros, a sutil e poderosa transição de cor dos recordatórios (preste atenção ao ler) e a arte devastadora da página final.

Aliás, até na arte esta edição capricha: os desenhistas escolhidos têm bom nível e estão longe dos talentos menores e baratos que irremediavelmente aparecem nos quadrinhos de super-heróis.

A edição nacional, franciscana, está à altura da história. Peca, claro, pelo versinho. Mas também erra ao posicionar os anúncios sobre lançamentos futuros em trechos ligados ao tema das publicações - por exemplo, a página sobre Crise Final - A Legião de Três Mundos logo depois da página dupla com Superman e a Legião dos Super-Heróis. Ao virar a página, os visuais se confundem - e o leitor, perdido, vê o fluxo de sua leitura ir pro espaço.

A mesma sensação volta mais adiante, no anúncio de A noite mais densa, que vem logo depois de um trecho que trata dos Lanternas Verdes.

A ideia de aproximar os anúncios do conteúdo editorial parece boa, mas funciona melhor quando a diagramação deixa claro que se trata de um anúncio - como se vê logo adiante, com a chamada para Batman - Descanse em paz e Mulher-Maravilha - Esquecida pelos Deuses.

Universo DC Especial - Começa a Crise Final ainda está longe de ser a salvação da DC Comics. Mas ao menos é um indício de que a editora eventualmente considera a hipótese de pôr a casa em ordem.

A ver. Que venha a Crise Final.

 

Classificação:

4,0

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