Finalmente, o leitor brasileiro tem a chance de acompanhar a continuação das histórias do Motoqueiro Fantasma, pelas mãos do roteirista Jason Aaron. Exceto pela aventura extraída de uma edição anual do personagem (absolutamente dispensável e com roteiro e arte medianos), este encadernado é uma excelente pedida para os fãs de boas HQs.

Ao longo de sua impecável fase escrevendo o Motoqueiro Fantasma, o talentoso roteirista Daniel Way pavimentou o caminho para a entrada de um novo escritor no titulo, deixando uma série de possibilidades que poderiam ser trabalhadas por seu sucessor.

A escolha de Jason Aaron para assumir o personagem não poderia ser mais acertada, como se comprovou nas edições do Motoqueiro publicadas pela Panini em Universo Marvel.

Aaron mantém o nível neste encadernado, oferecendo uma leitura empolgante e criativa, que resulta numa mistura de ação e bom humor. O autor demonstra conhecer (e respeitar) bem a mitologia do Motoqueiro, pois jamais o descaracteriza.

Resumindo, o que Aaron fez foi extrair o que de melhor havia nas décadas de HQs do herói infernal e utilizar esse conteúdo para arrumar a casa, tão bagunçada por anos de histórias ruins e uma das cronologias mais confusas da Marvel.

Não obstante, criou novos e fascinantes elementos, como uma linhagem de motoqueiros e coveiros, e vilões interessantes, como o Diácono e o Chacal do Asfalto.

O resultado é uma leitura dinâmica e vertiginosa, que não perde o pique em momento algum. Passagens hilárias (como a referência a Exterminador do Futuro) intercalam-se com batalhas espetaculares, como o confronto entre os motoqueiros nas montanhas geladas do Himalaia.

Os dois últimos arcos focam Johnny Blaze e Danny Ketch separadamente, apresentando vilões engraçados, que possibilitam ao roteirista exercitar sua veia cômica.

A ótima arte de Tan Eng Huat foge do convencional e combina bem com a trama. No último arco, Tony Moore assume o lápis e mostra grande habilidade para desenhar cenas de carnificina e monstros de toda a espécie.

A bela capa da edição é de Marc Silvestri, mas vale citar o cuidado da Panini em apresentar as demais capas no miolo da revista. Este encadernado faz jus a um dos personagens mais interessantes do Universo Marvel. Agora, resta torcer para que a continuação não demore muito.