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VERTIGO # 20

1 dezembro 2011

VERTIGO # 20

Editora: Panini Comics - Revista mensal

Ala 24 (Hellblazer # 194) - Mike Carey (roteiro), Leonardo Manco (arte) e Lee Loughridge (cores);

Sven, o velho (Northlanders # 20) - Brian Wood (roteiro), Davide Gianfelice (arte) e David McCaig (cores);

Na batida da alcova (Scalped # 20) - Jason Aaron (roteiro), Davide Furnò (arte) e Giulia Brusco (cores).

A saída (American Vampire # 11) - Scott Snyder (roteiro), Mateus Santolouco (arte) e Dave McCaig (cores);

A beleza da decadência (House of mystery # 16) - Matthew Sturges e Bill Willingham (roteiro), Luca Rossi e Richard Corben (desenhos), José Marzán &e; Richard Corben (arte-final) e Lee Loughridge (cores).

Preço: R$ 9,90

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Julho de 2011

 

Sinopse

Ala 24 - John Constantine perdeu a memória em meio a uma Londres devastada pelo ataque da Besta-fera.

Sven, o velho - Um reencontro com Sven, protagonista do primeiro arco da série, tentando resistir ao ataque de jovens guerreiros e manter a lenda ao redor de seu nome.

Na batida da alcova - Cavalo Ruim e Carol se encontram em um dos piores momentos de sua vida. Isso os fará melhorar ou ir ao fundo do poço de vez?

A saída - Pearl Jones e Henry terão que lutar para se salvar da armadilha de Beale Pezinho. E Hattie foge e está à procura de Pearl.

A beleza da decadência - A casa dos mistérios foi parar em outro lugar. Enquanto os habitantes e seus convidados tentam sobreviver, Caim começa uma nova busca para encontrar o seu lar.

Positivo/Negativo

Toda coletânea, ao ser organizada, corre o mesmo risco: o desequilíbrio entre seus componentes. E é possível encarar as revistas mix por esse viés e tratá-las como uma seleção de histórias.

Evidentemente, a seleção é um pouco menos livre, pois quando se incorpora uma série mensal, é necessário publicá-la com frequência. Neste número são cinco delas.

No número seguinte, Vikings deixará de ser publicado para dar lugar à minissérie de oito partes Joe, o bárbaro, de Grant Morrison e Sean Murphy. É possível notar que é um modelo estanque, o que gera certa possibilidade de previsão sobre como cada edição será.

Essa previsão é uma coisa boa, pois estabiliza a expectativa do leitor, embora perca a possibilidade de surpreendê-lo.

Voltando ao equilíbrio do mix, o padrão da linha Vertigo aponta para histórias mais sérias, de suspense e terror, direcionadas ao público adulto. Há isso em todas as tramas. Nesse ponto, a revista mensal da Panini consegue um ótimo apanhado e representa com competência o selo.

O padrão também se mantém no conceito ou na ideia por trás das cinco séries: todas partem da solidão.

Em Hellblazer, Mike Carey, após um insatisfatório arco de 19 partes,
joga Constantine num desdobramento do que aconteceu depois. O escritor apela
para um tema comum, mas gerador de boas histórias: a perda de memória.

A primeira parte é bastante interessante e um cenário nefasto se estende por toda Londres. A arte do argentino Leonardo Manco é bacana, mas impressiona bem menos que a do desenhista regular, Marcelo Frusin.

Um solitário como John Constantine foi abandonado até por sua própria memória. As primeiras 20 e poucas páginas valem a pena. O leitor vira a página e chega a Vikings, a série mais fraquinha da Vertigo.

Sven, embora casado e com filhos, assume solitariamente a missão de manter seu nome em glória e a defesa de sua família. Para os leitores que se lembram do longo arco O retorno de Sven, nos primeiros números da revista, o personagem principal empreende uma guerra solitária contra os usurpadores de sua herança.

Nesta edição, Brian Wood cria a história baseada na lenda que o nome de Sven se tornou por conta dessas primeiras aventuras. O desenhista é o mesmo, o talentoso Davide Gianfelice.

O problema todo é o trabalho de Wood com o seu ritmo. Nesta edição, ele prepara uma grande batalha que dura somente duas páginas. A quebra de expectativa é a pior possível, e desvaloriza toda a tensão anterior, pois o resultado da espera é por algo pequeno demais.

O leitor segue e vai para o melhor da revista, Escalpo. A série representa muito bem o clima da revista toda. Os personagens Cavalo Ruim e Carol sentem-se sós. E a solidão deles é carregada de culpa.

O encontro entre os dois não refresca esse abandono e cada um continua em seu próprio interior, sem chegar ao outro. O sexo é vazio e instintivo e serve como tentativa de esquecer sua real situação.

A trama é pesada e Jason Aaron não faz questão de aliviá-la. E é por isso que Vampiro americano, que vem na sequência, é um alívio.

A pegada da série é outra. Embora haja muito sangue e violência, as relações entre os personagens são menos densas. O ritmo é de aventura, com Pearl Jones e seu marido Henry tentando sobreviver a vampiros e seus caçadores.

Nessa trama, a solidão é ao menos compartilhada. Pearl e Henry estão sozinhos contra o mundo. Mas, no final de tudo, ela é uma vampira imortal e ele, não. Mas Scott Snyder não desenvolveu muito profundamente essas questões ainda.

Mateus Santolouco supre com qualidade o trabalho de Rafael Albuquerque, que continua responsável pelas capas da série.

Virando a página, a última narrativa da revista.

Em Casa dos mistérios, o padrão de personagens solitários que se encontram é mantido. Mas, diferentemente de Escalpo, a reunião entre todos os abandonados gera um grupo.

A história principal deu uma virada e parece subir o nível de qualidade, mas o melhor é, como sempre, a história dentro da história.

Um conto de terror de Bill Willingham com a sensacional arte de Richard Corben. E, desta vez, a história contada tem relações simbólicas muito claras com a trama principal, o que valoriza ambas.

No fim das contas, a linha temática garante um equilíbrio entre os títulos, ainda que eles variem razoavelmente quanto à qualidade. Mas não há grandes discrepâncias. E o equilíbrio deve aumentar com a entrada de Joe, o bárbaro na revista.

Classificação:

4,0

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