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WOLVERINE # 42

1 dezembro 2008


Autores: Wolverine - Jeph Loeb (roteiro) e Simone Bianchi (desenhos);

Wolverine - Origens - Daniel Way (roteiro) e Steve Dillon (arte);

Cable & Deadpool - Fabian Nicieza (roteiro) e Reilly Brown (desenhos);

X-Factor - Peter David (roteiro) e Pablo Raimondi (arte).

Preço: R$ 6,90

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Maio de 2008

Sinopse: Wolverine - Logan e Dentes-de-Sabre iniciam um novo confronto de vida e morte.

Wolverine - Origens - Enquanto Wolverine e seu filho continuam seu jogo de gato e rato, conheça a origem de Cyber e como ele chegou ao estado em que está agora.

Cable & Deadpool - Wade precisa recuperar sua moral como mercenário. Por isso, seqüestra ricos líderes terroristas para forçá-los a assistir a uma luta entre ele e o Treinador.

X-Factor - Madrox está tentando se reunir com todas as suas cópias, mas encara um sério dilema quando encontra uma delas com uma vida estável e uma família.

Positivo/Negativo: Muitas vezes, ao assumir um personagem um autor vem com a proposta de "dar ao público o que ele quer", como se ninguém tivesse pensado nisso antes. E, seguindo essa linha de pensamento, surgem arcos completamente inúteis como este que escrito por Loeb.

Claro, não se sabe disso num primeiro momento, pois a editora tem uma estratégia comercial que garante a alavancagem do título. Atiça-se o leitor com as falsas promessas de (mais) um confronto "definitivo" entre Wolverine e Dentes-de-Sabre. Afirma-se que o sucesso será garantido pelo roteirista que emplacou tantos títulos geniais quanto fiascos absolutos e por um desenhista estrangeiro em ascensão. Além de contar com o carisma natural do personagem.

Infelizmente, quando se lê a revista o resultado é uma decepção. A luta é toda entrecortada e conta com cenas completamente bizarras, como Wolverine golpeando usando um braço que não tem praticamente musculatura, somente os ossos.

Arte de BianchiE
Loeb apela para uma abordagem mística/tribal - provavelmente, na próxima
edição vai dizer que os espíritos dos dois estão ligado. Mas o problema
maior não é a abordagem e sim os recortes constantes entre o lado místico,
as memórias de combate de Wolverine e Dentes-de-Sabre, o fluxo de consciência
de Logan e a luta presente.

É tudo tão misturado e sem razão, que se você parar de ler em qualquer ponto, ou pular duas ou dez páginas, não fará a menor diferença.

A arte de Bianchi, que deveria salvar a lavoura, acaba prejudicada pela colorização norte-americana e pela impressão brasileira. Visitando o site do artista e vendo os originais das páginas é fácil notar que ele tem forte influência dos quadrinhos europeus, como não poderia deixar de ser, já que é italiano.

Assim, seus desenhos são perfeitos para serem publicados em preto-e-branco. Bianchi não trabalha com contornos definidos, mas sim com uma verdadeira pintura de uma cor só, ficando muito difícil de aplicar a cor. A situação piora com a impressão brasileira que escurece as cores e indefine demais os desenhos, matando todo o charme do artista.

Arte de BianchiVale
notar, por exemplo, Steve Dillon em Wolverine - Origens. O traço
é praticamente só contorno, o total oposto de Bianchi. Assim, comparando
os dois em seus originais veremos claramente a superioridade do italiano
diante da inexpressividade de Dillon. No entanto, no resultado final,
após cor e impressão, este último tem um trabalho muito mais "legível".

Quanto à história de Wolverine - Origens, esta edição praticamente se concentra em Cyber e sua origem. Chega a ser risível. O título prometia revelar a origem de Wolverine e até agora só foram apresentadas novas dúvidas.

Pra piorar, de repente, perde-se uma edição para recapitular a história de um coadjuvante. Um personagem secundário da época em que se achava que todo vilão da galeria de Logan precisava ter uma quantidade de Adamantium no corpo. No fundo, é mais uma trama enrolando em uma série que só fez isso até então.

A primeira página de Cable & Deadpool dá a impressão de que essa será uma boa edição. No tradicional estilo metalingüístico das suas piadas, Deadpool vai até a redação da Marvel perguntar aos editores onde está o Treinador e acaba soltando algumas boas piadas.

Na seqüência, são retomados dois coadjuvantes da série solo de Deadpool: a cega Al e o Fuinha. Aí, fica claro que a edição será só dele.

O problema é que, passadas algumas páginas, as piadas cansam, o desenho já não ajuda e o leitor se lembra que o personagem tem uma tendência a ser chato, tanto que seu título foi cancelado.

Ainda parece que ele funciona melhor sozinho do que com o Cable, mas não é o suficiente para ser uma boa história.

No final, chega-se ao grande problema ou, segundo alguns, a solução: que a revista mix, apesar de três histórias ruins, vale a pena para ler X-Factor.

Peter David tem dado um show à parte no título. Aqui ele encontrou um equilíbrio entre o humor e o drama que há muito não se via no seu trabalho. Quem acompanha a série sabe o quando ela é pontuada por ótimas piadas e, ao mesmo tempo, tem seus momentos tensos. Esta edição, por exemplo, é extremamente reflexiva.

Madrox está em uma busca de suas cópias espalhadas pelo mundo, algo que define como uma procura por pedaços de sua alma. Neste número, ele encontra uma versão totalmente diferente de tudo que ele é. Essa cópia é um padre, respeitado na comunidade, casado, com um filho e feliz com sua vida.

A conclusão da história é muito interessante. É um tipo de raciocínio que leva o personagem tão além da idéia original dele, que explora as possibilidades sem forçar que vale a pena acompanhar a trama.

Enquanto isso, Monet e Syrin se envolvem em um caso de racismo contra mutantes em Paris. Essa história, aliás, remete a fases antigas dos X-Men, antes de tantas reviravoltas, e tantos grupos, quando o título tinha como um dos temas centrais o racismo e a ação do grupo contra isso.

Pode parecer estranho, mas depois de tantas megassagas e mudanças nos personagens, os X-Men perderam um pouco o foco e histórias como esta acabam agradando fãs antigos.

Classificação:

4,0

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