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WOLVERINE # 72

1 dezembro 2011

WOLVERINE # 72

Editora: Panini Comics - Revista mensal

Autores: Momentos de definição - Daniel Way e Marjorie Liu (roteiro), Stephen Segovia (arte) e Marte Gracia (cores) - Publicado originalmente em Dark Wolverine # 78 a # 80.

Preço: R$ 6,50

Número de páginas: 72

Data de lançamento: Novembro de 2010

 

Sinopse

Norman Osborn quer apagar a má imagem de Daken. Mas isso vai ser bem difícil.

Positivo/Negativo

Uma palavra pra definir esta edição: clichê.

Os lugares-comuns estão por todo o lado: no enredo, nos diálogos, nos desenhos. É uma edição obrigatória aos roteiristas de quadrinhos, pois o trabalho de Daniel Way e Marjorie Liu é um verdadeiro manual "do que não deve ser feito".

A premissa da história - um vídeo de uma atitude ultraviolenta de Daken vaza pra internet e ameaça a imagem dos Vingadores de Osborn - é boa. O problema mesmo está em como ela é entregue ao leitor.

Atenção: a resenha a partir daqui dará detalhes do enredo da história e apontará o que é considerado clichê. Caso prefira conhecer a trama diretamente na revista, pare a leitura por aqui.

Primeiro clichê: "a farsa no julgamento e a fuga do tribunal". Toda a trama cheira a naftalina e parece reciclagem. Um julgamento arranjado de supervilões com posterior fuga do tribunal, o que leva ao problema seguinte.

Segundo clichê: "posso te matar, mas não quero". Daken toma uma surra desses criminosos de terceira categoria. E, em vez de matá-lo, eles optam por mantê-lo vivo, para que pense e reflita no cantinho, sobre essa vergonha de ser derrotado.

Terceiro clichê: "sua arrogância o condena". Daken se dá mal por se achar capaz de dar conta de tudo facilmente, gerando as dificuldades e os conflitos da história. E, ao mesmo tempo, o filho do Wolverine tem um plano infalível em ação.

Quarto clichê: "e como isso acaba? Explode tudo!". Quando Way e Liu não sabem mais o que fazer com a trama, explodem tudo e matam os personagens. Afinal, morto não é mais problema.

Quinto clichê: "ah, mas eles nem morreram". Um anticlímax barato é fazer acreditar que os personagens estão mortos, mas não estão. Tudo corre de acordo com o plano de Daken.

Sexto clichê: "Mas ela não morreu?". Este aqui é culpa da baixa qualidade do artista, que representa três mulheres com o mesmo rosto, dificultando saber quem é quem: a mulher acusada de vazar o vídeo, Rocha Lunar e a antagonista de Daken nesta edição são iguais. O estilo da arte, claro, é o habitual de super-heróis com um pé nos anos 1990.

Sétimo clichê: "ela precisa estar só de lingerie nessa cena?". As mulheres são representadas em posições típicas de ensaios sensuais, com largos decotes e pouca roupa. Sempre! O lugar-comum aqui é pensar que isso vai manter o público (adolescente e/ou masculino) interessado. Porém, existem meios melhores desse leitor obter material com tal proposta.

Oitavo clichê: "eu conheço teu passado!". O diálogo final causa vergonha, ao tentar produzir uma cena de impacto e de efeito com base em um diálogo surpreendente. Infelizmente, Way e Liu não têm a mesma habilidade que um Garth Ennis ou Brian Michael Bendis no uso desse recurso.

Há mais clichês na história, mas existe ainda a questão de base: como diabos ninguém percebeu que o Wolverine é menor que Daken, não tem aquela tatuagem no braço, tem três garras de metal perfiladas e não duas de osso na mão e uma terceira no punho?

A perspectiva é que o público ficcional do universo Marvel é tão incompetente quanto o leitor previsto para esta revista.

Daken é um personagem patético, um Wolverine sombrio sem nenhum estofo, a não ser o dilema da superação do pai - reforçado insistentemente pela voz do personagem Norman Osborn.

Esse tipo de revista é sintoma de um mercado de quadrinhos decadente em qualidade: clichês frios - não são sequer requentados -, arte ruim e a perspectiva de um público limitado de inteligência.

Classificação:

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