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WONDER WOMAN - DONNA TROY

1 dezembro 2012

WONDER WOMAN - DONNA TROY

Editora: DC Comics - Edição especial

Autores: Phil Jimenez (texto e ilustrações), John Stokes (arte-final) e Jason Scott Jones (cores).

Preço: US$ 1,95

Número de páginas: 24

Data de lançamento: Junho de 1998

 

Sinopse

Donna Troy atuou como super-heroína desde a infância, e sua vida foi marcada pela tragédia. Primeiro, como Moça-Maravilha, depois como Troia e, finalmente, Darkstar. Agora, ela está sem poderes, perdeu o marido e o filho, e precisa de uma nova direção.

Ao visitar uma igreja buscando dialogar com Deus, Donna relembra um de seus casos mais violentos e reflete sobre vida, morte e o sentido da existência.

Positivo/Negativo

O especial Wonder Woman - Donna Troy, lançado pela DC Comics em 1998 como parte de uma linha de quadrinhos estrelados por personagens femininas, é prova incontestável de que talento e carinho falam mais alto do que os dilemas da cronologia e problemas inerentes ao gênero dos super-heróis.

A graciosa Donna Troy foi uma das maiores vítimas do uso de continuidade retroativa no Universo DC pós-Crise nas Infinitas Terras, tendo sua origem recontada numerosas vezes e confundindo cada vez mais a cabeça dos leitores.

Tudo porque, com a reformulação da Mulher-Maravilha pelas mãos de George Pérez, na década de 1980, ela não poderia mais ter seu passado ligado à Princesa Amazona. A solução do roteirista Marv Wolfman e do próprio Pérez, nas páginas de Novos Titãs, foi ligar a heroína ao panteão dos Titãs Mitológicos, numa trama atraente, ainda que confusa.

Mas a situação piorou nos anos que seguiram, com novas identidades heroicas, perda de suas habilidades especiais, divórcio e tragédias familiares. Logo se tornaram comuns histórias tentando arrumar a bagunça.

Já este especial da Mulher-Maravilha centrado em Troia, do talentoso Phil Jimenez, encanta por explorar Donna como mulher e como ser humano, lidando com questões de rápida identificação.

Jimenez, que é responsável por texto e arte da edição, tem em Donna Troy sua personagem preferida, ao lado da Mulher-Maravilha, e toda a paixão do autor pelas heroínas sobressai.

O artista brinda o leitor com uma história de fôlego, que mergulha fundo no coração da jovem Titã e traz boas cenas de ação e um inimigo implacável. Enquanto busca o diálogo com o divino numa Igreja, Donna relembra a ocasião em que, ao lado do Capitão Marvel e de sua mentora Diana, enfrentou o vilão nazista Panzer Vermelho numa passeata por direitos de minorias.

A parceria entre esses super-heróis faz sentido por serem os três abençoados pela chama dos deuses greco-romanos, mas aí reside também o ponto fraco do texto de Jimenez. Centrando suas forças em Troia, ele deixa de lado a caracterização da Mulher-Maravilha e do Capitão Marvel, que acabam mais como figurantes.

Ainda assim, Wonder Woman - Donna Troy tem introspecções profundas e questionamentos sobre a natureza do ódio na sociedade contemporânea, com o triunfo do heroísmo e da pureza de propósitos.

O Panzer Vermelho é um oponente digno para a jovem heroína justamente por conta dos valores distorcidos em que acredita, os quais levaria até as últimas consequências. Tem-se, então, um gibi de aventura que privilegia o trabalho sobre os personagens, que pode não ser genial, mas cumpre o propósito de entreter enquanto faz pensar. Algo louvável, sobretudo por contar com uma personagem tão complicada, mas muito querida pelos fãs que arrematou ao longo das décadas.

A arte de Phil Jimenez, como de costume, é espetacular. Muito detalhada, cheia de energia e um cuidado todo especial ao mostrar Troia em ação. As cenas com a mocinha em trajes civis, sentada num banco de Igreja, também impressionam pela simplicidade e beleza.

Em tempos recentes, Donna morreu e ressuscitou num dos prelúdios da saga Crise Infinita, também sob a pena de Jimenez, e chegou a integrar as fileiras da Liga da Justiça, na última fase da equipe antes do reboot completo do Universo DC.

Hoje, ainda não foi apresentada uma nova encarnação da personagem no contexto dos Novos 52, e ela aparentemente não existe mais nesta realidade.

É triste constatar que o trabalho honesto de tantos criadores de talento acabou ignorado. Contudo, sobrevivem na memória dos fãs a história de uma Donna Troy cheia de vida e coragem, humilde e muito cativante, que um apaixonado Phil Jimenez escreveu e desenhou como uma declaração de amor para toda a eternidade.

 

Classificação:

4,0

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