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ZUMBIS - MUNDO DOS MORTOS

1 dezembro 2012

ZUMBIS - MUNDO DOS MORTOS

Editora: Gal - Edição especial

Autores: Dave West, Marleen Lowe, Leah Moore, John Reppion, David Hitchcock, Kieron Gillen, Andy Bloor, Colin Mathieson, Alvaro Omine, Fábio Perez, Gustavo Daher, Maurício Muniz, Affonso Solano, Andrew Cheverton, Ant Mercer, Antonio Santos, Claudio Murena, Barry Renshaw, Benjamin Dickson, Chris Dingsdale, Dan Denholt, Danilo Beyruth, Darren Ellis, David Baillie, Garry Brown, Gary Crutchley, Graeme Neil Reid, Índio, Jason Cobley, Jon Ayre, Kieran Brown, Laura Howell, Leonie O'Moore, Mark Clapham, Matt Timson, Nolan Worthington, One Neck, Owen Johnson, Paul Harrison-Davies, Roland Bird, Shane Oakley, Shaun Mooney, Tim Keable, Tony Hitchman.

Preço: R$ 34,90

Número de páginas: 144

Data de lançamento: Outubro de 2011

 

Sinopse

Produzida na Inglaterra, pela editora Accent UK, esta coletânea lança um olhar peculiar sobre os mortos-vivos, em histórias em quadrinhos inusitadas e inovadoras, cheias de momentos aterrorizantes, dramáticos, cômicos e trágicos em meio à luta pela sobrevivência.

Positivo/Negativo

Há dois clichês quase irresistíveis para se falar de um álbum como este. O primeiro é o de que os zumbis estão na moda, especialmente depois do sucesso avassalador da série de TV The Walking Dead, que reverberou nos quadrinhos originais de Robert Kirkman e Charlie Adlard.

O segundo é que toda antologia de histórias com vários autores tem seus altos e baixos. No caso de Zumbis - Mundo dos mortos, fica realmente difícil escapar dos clichês. Então, é melhor abraçá-los logo.

No caso do primeiro, o próprio editor da coletânea, Maurício Muniz, já o assume na introdução: "Os mortos-vivos estão por toda parte no mundo da cultura pop, caso você não tenha notado". Fica claro, ao longo do texto, que o álbum só passou a existir (ou pelo menos ganhou uma enorme força extra) com o "boom" dos zumbis. E isso serve para apresentar aos leitores alguns achados.

Afinal, quadrinhos ingleses não são o forte das editoras brasileiras, mais interessadas em produções norte-americanas ou japonesas, com um pouco de atenção às francesas (mas menos do que deveriam). Portanto, é um respiro saudável ter uma coletânea de um país do qual se conhece tão pouco do que se faz no gênero.

Vale frisar que a mesma Gal já tinha colocado no mercado nacional o ótimo (e também inglês) O que aconteceu ao homem mais rápido do mundo?, de Dave West e Marleen Lowe.

Zumbis - Mundo dos mortos, aliás, tem uma HQ de West e outra de Lowe. A do primeiro (intitulada Morte em vida) é uma das melhores da coletânea, ao dar uma abordagem realista e quase sociológica à questão dos mortos-vivos. Já a de Lowe (roteirizada por Stephen Michael Lowe) é apenas regular, apesar de uma conclusão politicamente incorreta muito bem-vinda.

As 31 HQs da antologia transitam entre o horror, o pesadelo e o humor. Em geral, as tramas mais engraçadas brincam com o ponto de vista dos zumbis, como na série Entrevistas com zumbis (David Baillie), espalhada em páginas isoladas edição afora.

As de carga mais pesada e perturbadora são as melhores do álbum, especialmente quando tentam dar alguma roupagem original às abordagens. É o caso de Espírito do Apocalipse, escrita e muito bem desenhada por Benjamin Dickson. No enredo, um homem sai para comprar jornal e, em seu trajeto, o leitor percebe que ele vive num mundo dominado pelos mortos-vivos - e isso faz parte da rotina, assim como comprar leite ou fumar escondido da esposa. Sobreviver é apenas outra coisa a fazer no dia a dia.

Por sua vez, Zumbis, de Kieron Gillen (roteiro) e Andy Bloor (desenhos), segue premissa semelhante, porém sob outro aspecto: o de um homem que já incorporou ao cotidiano a presença dos mortos-vivos, mas só consegue isso porque finge ser um deles no intuito de não ser devorado.

Um atrativo complementar à edição é a presença de HQs brasileiras, feitas especialmente para a antologia. São três histórias (de Gustavo Daher, Fábio Perez e Alvaro Omine com Maurício Muniz). Todas tratam o universo dos mortos-vivos pelo ponto de vista do humor e da paródia.

Fica a curiosidade de saber como seria um brasileiro abordando o tema pelo lado do suspense. Danilo Beyruth seria um bom nome para a empreitada, e ele até surge na coletânea, porém apenas desenhando uma ilustração na seção Galeria.

A antologia tem boa qualidade gráfica e traz, além da galeria já citada, com desenhos de vários artistas, um apêndice com biografias de todos os autores. Com a alta dos zumbis ainda em voga, esta edição continua bastante atual.

 

Classificação:

4,0

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