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Astronauta - Singularidade

22 dezembro 2014

Astronauta - SingularidadeEditora: Panini Comics – Edição especial

Autores: Danilo Beyruth (texto e arte) e Cris Peter (cores).

Preço: R$ 19,90 (capa cartonada) e R$ 29,90 (capa dura)

Número de páginas: 80

Data de lançamento: Dezembro de 2014

Sinopse

Depois dos eventos de Astronauta – Magnetar, agora acompanhado por uma psicóloga com treinamento em viagens espaciais e por um pesquisador estrangeiro, o Astronauta parte numa viagem para investigar um buraco negro.

Mas nem o buraco negro e nem as intenções de seus acompanhantes são o que parecem. E todos podem acabar em grande perigo.

Positivo/Negativo

Quem anda distante do universo dos quadrinhos, ou caiu de paraquedas nesta resenha, talvez não saiba do que se trata o selo Graphic MSP – neste caso, para economizar tempo, é só visitar a resenha de Astronauta – Magnetar, primeiro álbum do selo, e conferir o que foi dito sobre o assunto.

O segundo volume dessa releitura do Astronauta deixa ainda mais clara a inspiração no mercado franco-belga de quadrinhos – é um álbum com história completa, com começo, meio e fim, mas que, num plano maior, não deixa de ser uma continuação da HQ anterior e acaba, inclusive, deixando possibilidades para tramas futuras.

No complicado mercado brasileiro de quadrinhos que, finalmente, dá sinais de crescimento e, quem sabe, posterior amadurecimento, a estratégia é perfeita, já que será possível encontrar os volumes do selo à venda em reimpressões nos anos vindouros.

Analisando a HQ em si, a trama mantém o pique da história anterior, dosando muito bem aventura, suspense e ficção.

Ficção, aliás, que tem grande embasamento cientifico e, quase sem perceber, o leitor fica sabendo sobre buracos negros, horizonte de evento, torção de espaço-tempo e outros conceitos de vital importância na aventura, que remetem à singularidade.

Singularidade a qual não apenas faz parte do título da HQ, como trata da possibilidade de a humanidade atravessar um grande estágio de enorme avanço tecnológico num curto período de tempo, fato que embasa o roteiro. Além disso, singularidade também remete a algo único.

Único como o talento de Danilo Beyruth, que tem uma arte incrível e uma invejável narrativa visual, tornando fácil a leitura, mesmo quando busca, em vários momentos, aplicar o correto conhecimento científico em sua história. Quais as fontes exatas, só o autor pode dizer, mas parece clara a influência de Arthur C. Clarke no trabalho.

Trabalho que traz também o eco de autores clássicos das HQs, o que perpassa os quadros. Assim, o leitor que tem bom embasamento de quadrinhos pode, até de forma inconsciente, lembrar-se de Milton Caniff, Alex Toth e outros criadores que forjaram a história da nona arte – não à toa, Danilo cita os dois, dentre outros, como algumas de suas principais influências.

Influências que vêm principalmente do mestre Mauricio de Sousa, pois, como consta nos extras do álbum, a trama foi bolada a partir da origem do Astronauta, contada em 200 tiras, a partir de 1964, e recontada em três partes nas revistas de linha da Turma da Mônica, da Editora Abril. Assim, numerosos elementos dessa aventura inicial são reaproveitados na HQ, como um Homem-Geleia (!) e a agencia espacial BRASA – Brasileiros Astronautas.

Não deixa de ser uma brasa, mora, ler uma HQ com uma trama espacial bacana, na qual o herói principal é justamente um brasileiro detentor de tecnologia alienígena! De deixar os gringos com muita inveja – tanta que já querem se aproveitar da nossa boa vontade, veja só. E que tal uma guerra de armaduras com tecnologia de ponta?

Tecnologia de ponta é um termo que remete ao trabalho de colorização feito por Cris Peter – seja qual o processo que ela utilize, na ponta do lápis ou com recursos digitais, o fato é que o trabalho dela complementa sobremaneira a aventura, captando nuances no semblante dos personagens e tornando mais vívidas as cenas de ação.

Mas nem só de ação vive o Astronauta, e surpresa seria se ele não rememorasse sua amada Ritinha, outro ponto recorrente de suas aventuras tradicionais que ganha mais força nesta edição, num quase triângulo amoroso. Outros momentos da origem desta releitura do Astronauta são citados na HQ – como exatamente ele conseguiu a nave alienígena? Por que ela só responde ao herói? São elementos que garantem a possibilidade de novas tramas para o futuro.

Futuro que, como sempre, é incerto, mas de uma coisa é possível ter certeza: esse Danilo Beyruth faz quadrinhos de forma singular.

Classificação

5,0

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