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Infinite Crisis

8 agosto 2014

Infinite CrisisEditora: Ace Books – Romance

Autor: Greg Cox

Preço: US$ 7,99

Número de páginas: 416

Data de lançamento: Junho de 2010

Sinopse

Romance inspirado na megassaga Crise Infinita. O Universo DC enfrenta sua crise mais devastadora, quando três figuras superpoderosas de mundos perdidos ressurgem com propósitos desconhecidos.

Positivo/Negativo:

Durante meados dos anos 2000, a DC Comics foi revitalizada pela figura do novo editor-chefe Dan DiDio, que colocou em prática um ousado plano de publicações pelas mãos de artistas renomados.

A estratégia tomou forma a partir das minisséries Crise de Identidade, colaboração do romancista Brad Meltzer com o desenhista Rags Morales, e Lanterna Verde – Renascimento, de Geoff Johns.

E o próprio Johns ficaria responsável por moldar a nova face do universo ficcional da editora, escrevendo a minissérie principal do crossover Crise Infinita, sequência espiritual da clássica Crise nas Infinitas Terras.

Diversas séries preparatórias e edições relacionadas marcaram o ano de 2006, e o resultado pode não ter agradado a todos, mas certamente fez barulho no meio.

Tempos depois, a trama central de Crise Infinita foi vertida para a prosa literária, na tradição de grandes eventos dos quadrinhos, para alegria dos fãs mais devotados. O texto ficou a cargo de Greg Cox, com prefácio escrito pelo veterano roteirista Mark Waid.

É fato que o enredo de Crise Infinita revelou-se complexo e carregado de referências à cronologia pregressa do Universo DC, além de estrelar uma quantidade enorme de personagens. Difícil de adaptar num romance, portanto. Até porque foram dezenas de revistas interligadas, aumentando a confusão evidente.

Considerando os problemas, até que Greg Cox fez um bom trabalho. Todas as tramas interligadas surgem de forma coerente, e fatos passados são lembrados por meio de flashbacks funcionais.

Assim, a saga de um multiverso perdido retorna naturalmente. Por outro lado, quem não estiver bem familiarizado com a miríade de super-heróis da DC fica perdido. São protagonistas, personagens de apoio e figurantes em profusão, fora as diferenças sutis entre versões alternativas dos mesmos indivíduos.

O grande mérito de Cox é sua habilidade em dar vida, por meio de palavras, a sequências tão visuais como as do trabalho do ilustrador Phil Jimenez. Batalhas cósmicas e Terras paralelas instigam a imaginação do leitor, que acaba imerso na narrativa.

Crise Infinita apresentou algumas das cenas de violência gráfica mais impressionantes em gibis de super-heróis da editora, com a chacina promovida pelo Superboy Primordial. Tais momentos continuam fortes no romance, já que o autor optou por não censurar o banho de sangue. Mas vale destacar que o ponto forte da saga também é o elemento que pode resultar no afastamento de novos apreciadores, independentemente das qualidades do texto.

Assim como a badalada série Reino do Amanhã, de Mark Waid e Alex Ross, Crise Infinita mostrou ação frenética para refletir sobre a própria evolução da indústria dos quadrinhos e dos justiceiros fantasiados.

Por meio da presença do Superman da Terra-2 e do Superboy Primordial, a noção do heroísmo e o tom dos quadrinhos na última década são questionados, com recursos metalinguísticos notáveis. Ideal para quem mergulha mensalmente nas aventuras desses semideuses contemporâneos, mas bastante esotérico do contrário.

A situação atinge níveis absurdos quando Cox passa a mostrar uma reformulação cronológica na Terra-1, já que o fato de a Mulher-Maravilha ser ou não fundadora da Liga da Justiça não poderia estar mais distante da mente do público.

Por tudo isso, o romance funciona a contento para os fanáticos pela continuidade do Universo DC, e a qualidade das descrições e a pesquisa realizada saltam aos olhos. Para o resto do mundo, no entanto, não passa de uma bobagem sem sentido.

Classificação

3,5

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