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January Jones – O crânio de Mkwawa

22 dezembro 2018

January Jones – O crânio de MkwawaEditora: Avec – Edição especial

Autores: Martin Lodewijk (roteiro), Eric Heuvel (arte) e Jourdan Leonardo (cor) – Originalmente publicado em January Jones Dell 2 – De schedel van Sultan Mkwawa (tradução de Paulo Henrique Tirre).

Preço: R$ 34,90

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Maio de 2018

Sinopse

Em uma nova aventura, a heroína January Jones e seu mecânico Rik estarão às voltas, na França, com o misterioso crânio do Sultão de Mkwawa, tomado pelos alemães como troféu durante a Primeira Guerra.

Tempos depois, a estranha peça vira objeto de cobiça, quando se descobre que ela pode ser a chave para encontrar um grande tesouro perdido. January terá que sobreviver a uma perseguição nas Catacumbas de Paris, dentre outros desafios.

Positivo/Negativo

A série January Jones é para quem gosta da pegada europeia do traço “linha clara”, diagramação sem se preocupar em mostrar páginas espacialmente impactantes, com um bom ritmo pulp, inocente, bem-humorado e aventureiro do tipo de Tintim, de Hergé (1907-1983).

Criada na segunda metade dos anos 1980, pelos holandeses Martin Lodewijk e Eric Heuvel, possivelmente a aerodinâmica das histórias da protagonista é projetada com inspiração em títulos como Doc Savage ou seriados que passavam nas matinês da Republic Pictures (algo que serviu de matéria-prima para um certo Indiana Jones nas telonas, contemporâneo da aviadora norte-americana).

Desta vez, após se arriscar com as curvas perigosas da tradicional corrida de Monte Carlo, em Mônaco, January vai parar nas Catacumbas de Paris – um ossuário subterrâneo localizado na capital francesa, com um complexo sistema de túneis e cavernas existentes desde o período de ocupação romana na cidade.

Interessante notar que os autores não se preocupam – pelo menos nesses primeiros álbuns – em levar a aventureira a lugares “exóticos”, como é de praxe, apesar de ter algo incomum que vai além de aproveitar a tradicional Torre Eiffel.

Assim como no primeiro volume, Lodewijk e Heuvel mostram um pouco da habilidade aeronáutica da personagem para depois deixá-la com os pés no chão. Para equilibrar esse status, foi colocado de forma bem orgânica o paraquedista e inventor norte-americano Clem Sohn (1910-1937), mais conhecido como o “Homem Pássaro”, autor de um projeto inspirado na época de Leonardo Da Vinci (1452-1519).

Os autores também usam antagonistas como o capanga Podomme, um estereótipo do canalha francês, para criticar a violência e o uso da mulher como objeto. Ações que igualmente são repreendidas pela protagonista, digna do quid pro quo.

Outra fonte explorada na obra (e que vai render mais um álbum) é a riqueza lendária das Minas do Rei Salomão, que rendeu um romance homônimo escrito pelo britânico Henry Rider Haggard (1856-1925), com o caçador Allan Quatermain como personagem principal.

Chama a atenção também a figura africana em alguns momentos ser estereotipada, mesmo que isso “reflita” a época ou um embuste “sobrenatural” tenha sido cometido por uma conterrânea. Assim como os alemães, o papel deles aqui serve apenas para impulsionar as perseguições.

Como curiosidade, voltando às homenagens, Lodewijk e Heuvel batizam um dos policiais franceses de Dupont, referência aos bigodudos e atrapalhados detetives Dupond e Dupont de As aventuras de Tintim; e um gato da senhoria que serve como escada cômica é chamado de Milu, o mesmo nome do cãozinho fox terrier do jovem repórter criado por Hergé.

Um detalhe que chama a atenção pelo uso em demasia são as notas de rodapé. Algumas, como termos e expressões em outra língua, são comuns nesse tipo de história. Porém, muitas explicações – por serem mais extensas – poderiam ganhar um apêndice no final da edição, e não ficarem espremidas nas margens.

Há também casos de indicadores sem os textos de rodapé, assinalações de “fatos verídicos” (assim mesmo, na redundância) e explicações desnecessárias como o efeito “parafuso” da queda e a definição das trincheiras, dentre outras.

Repetindo a edição anterior da Avec, este segundo volume conta com capa cartonada, sem orelhas, formato 21 x 28 cm e páginas coloridas em papel couché de excelentes gramaturas e impressão.

Mantendo a cadência e a pretensão, January Jones – O crânio de Mkwawa é um divertido “substituto” à altura para os fãs de Hergé. A série, inclusive, conta com uma surpresa especial para os brasileiros: seu décimo álbum, que em breve será lançado lá fora, se passará no Rio de Janeiro.

Classificação:

3,5

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