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The Beatles – Yellow submarine

17 dezembro 2019

The Beatles – Yellow submarineEditora: DarkSide Books – Edição especial

Autores: Bill Morrison (roteiro e desenhos), Andrew Pepoy e Tine Rodriguez (desenhos); Nathan Kane (cores) – Originalmente em The Beatles – Yellow Submarine (tradução de Bruno Dorigatti).

Preço: R$ 99,90

Número de páginas: 112

Data de lançamento: Dezembro de 2018

Sinopse

Quando Pepperland é atacada pelos malvados azuis, que querem extinguir toda a alegria do lugar, um dos habitantes parte a bordo de um submarino amarelo para pedir ajuda aos Beatles e sua música.

Positivo/Negativo

Os Beatles haviam abraçado a psicodelia em 1967, e um de seus produtos mais representativos dessa fase foi lançado em 1968: o longa-metragem animado Submarino Amarelo (Yellow Submarine, no original). Esta edição, em capa dura, celebra os 50 anos do filme.

Não é a primeira – houve outra, da época do lançamento de Yellow Submarine nos cinemas. Mas esta impressiona, de saída, pela grande fidelidade visual ao design original – que é de Heinz Edelmann, ilustrador alemão cujo trabalho nos anos 1960 era identificado com a psicodelia e que entregou uma série incrível de personagens desvairados: uma luva viva voadora, turcos com bocas gigantes nas barrigas, homens magros altíssimos que atacam pessoas com maçãs etc.

Além de criar representações visuais dos Beatles que se tornaram icônicas (inspiradas no visual do quarteto no clipe de Strawberry fields forever).

Morrison, do departamento de arte das séries animadas de Matt Groening – seus créditos estão em Os Simpsons, Futurama e (Des)Encanto –, segue bem de perto o roteiro original e seu redesenho da arte de Edelmann parece decalcado diretamente dos fotogramas originais.

A narrativa, porém, e felizmente, não se contenta em apenas reproduzir em quadrinhos o passo a passo do filme. Morrison usa a programação visual das páginas para dar personalidade à sua versão. Toda a sequência inicial que apresenta a idílica Pepperland, por exemplo, é resumida a uma página dupla cheia de detalhes.

A partir daí, praticamente nenhuma página segue um padrão tradicional de divisão “quadrada” das cenas. Morrison sempre procura uma maneira criativa de encadear sua sequência de imagens.

No momento em que, no filme, o fundo é totalmente branco (a sequência em que os Beatles conhecem Jeremy, o “Nowhere man”), a HQ compensa com uma moldura em cor na página nas bordas dos quadros.

Quando o quarteto está na terra das cabeças gigantes com cérebros psicodélicos e abstratos (que, no filme, é o momento da canção Lucy in the sky with diamonds), numa das páginas as imagens da trama aparecem justamente dentro desses cérebros.

A sequência do mar de buracos abole totalmente os requadros e procura, numa página dupla, embaralhar um pouco a noção de “antes e depois” do encadeamento dos diálogos.

A única exceção é a primeira aparição de Ringo Starr, reclamando da chatice de sua vida. Nesse caso, a página com os quadros dispostos de maneira quadrada e (a princípio) sem imaginação é um reflexo do estado de espírito do baterista.

Os diálogos reproduzem boa parte do nonsense original do filme, mas também sente necessidade algumas vezes de explicar um pouco mais claramente o que acontece na trama. Ou de preencher situações que, no filme, acontecia nos silêncios dos personagens.

E há a questão da música, claro. Por opção do autor ou limitações de direitos, Morrison não usa as canções na narrativa. Embora faça parte da trama que os Beatles cantem para enfrentar os malvados azuis, John, Paul, George e Ringo não aparecem entoando ostensivamente nenhuma letra da trilha do filme.

Algumas vezes, realmente, não havia a menor necessidade. Como em Only a northern song, de George Harrison, que surgia em um clipe desconectado da trama. A própria Yellow submarine aparecia apenas durante a sequência dos créditos iniciais. Eleanor Rigby embalava o primeiro passeio do submarino por Londres, retratada de maneira melancólica – bela sequência, mas que não influi diretamente na história e foi totalmente descartada nesta adaptação.

Por outro lado, quando os Beatles cantam para libertar habitantes de Pepperland, a HQ entrega apenas notas musicais e nenhuma letra.

É difícil ignorar All you need is love, por exemplo. Os Beatles a cantam para atingir diretamente os malvados azuis em um momento crucial da história, e a letra é tão importante que a animação coloca o título da canção ostensivamente na tela.

Não fosse por esse recurso visual que já estava no filme, talvez ela também não fosse nem citada. Os personagens não a cantam, mas All you need is love aparece como recurso gráfico.

A música é parte fundamental do conceito de Yellow Submarine e faz falta. De qualquer forma, Morrison, que levou anos para concluir a HQ (leia matéria do Universo HQ), compensa embarcando para valer na viagem visual do submarino amarelo. E convida o leitor a subir a bordo. Mas quem não conhece os Beatles certamente terão dificuldades de compreender as referencias utilizadas.

Classificação:

4

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